Crise

Negociação com governo não impede protestos no Egito

Milhares de manifestantes continuam no centro do Cairo hoje, apesar dos esforços do governo do Egito para encerrar uma crise política que paralisa o país há duas semanas. Líderes oposicionistas insistem que o presidente Hosni Mubarak precisa renunciar imediatamente. O governo prometeu reformas, mas diz que Mubarak, no poder desde 1981, deve ficar no cargo até as eleições de setembro.

Ontem, o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, reuniu-se pela primeira vez com representantes dos principais grupos de oposição. Ele ofereceu novas concessões, entre elas a liberdade de imprensa, a libertação de todos os detidos desde o início dos protestos e uma possível suspensão das leis de emergência, vigentes há 30 anos.

Além disso, funcionários do Judiciário prometeram começar a interrogar três ex-ministros e um importante funcionário do partido governista amanhã, por acusações de corrupção. Um gerente de marketing do Google detido também deve ser libertado. “Nosso principal objetivo é a renúncia de Mubarak. Não aceitamos quaisquer outras concessões”, afirmou o estudante Mohammed Eid na Praça Tahrir, centro dos protestos.

Ontem, egípcios desesperados por cédulas de dinheiro formaram filas nos bancos recém reabertos e os frequentes engarrafamentos de carros no Cairo voltaram a ocorrer. Parte da capital egípcia tenta voltar à normalidade, após quase duas semanas de agitação política. Porém os tanques nas ruas e grupos de cidadãos em vigília durante as noites mostram que a crise está longe de terminar. “Está muito melhor que ontem (sábado) ou que no dia anterior. As pessoas comuns estão de novo caminhando e olhando, inclusive temos tráfego pesado”, disse ontem Ahmed Mohamed, de 65 anos, dono de uma loja de roupas no luxuoso bairro de Mohandiseen.

O Cairo, cidade de 18 milhões de habitantes, esteve praticamente paralisado após o início dos saques e enfrentamentos, em meio a grandes protestos contra o governo. A maioria das lojas abriu ontem, após estarem fechadas durante dias. Em algumas, porém, havia um anúncio de que elas estavam “fechadas por causa de saques”.

A abertura dos bancos alivia alguns temores imediatos, mas seguem as preocupações com o impacto da crise na economia. O presidente do Banco Central, Farouk Okdah, afirmou que os protestos custaram ao setor turístico, um dos principais do país, cerca de US$ 1,5 bilhão. As informações são da Associated Press.

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