O pescador que contou ter ficado à deriva no mar por mais de um ano finalmente chegou a El Salvador, exausto e sem fala. Jose Salvador Alvarenga tentou responder às perguntas dos repórteres que o esperavam no aeroporto, ansiosos para saber os detalhes da aventura considerada por muitos como história de pescador. Uma viagem de mais de 10 mil quilômetros pelo mar do Pacífico, indo do México às Ilhas Marshall, feita por um homem em um pequeno barco sobrevivendo de peixe cru e sangue de tartaruga e de pássaros.
Quando pegou o microfone no aeroporto de São Salvador na tarde de terça-feira, entretanto, Alvarenga conseguiu apenas cobrir o rosto com a mão e chorar.
Usando camiseta azul, calças caqui e tênis, o pescador de 37 anos, deixou o aeroporto em San Salvador em uma cadeira de rodas e foi levado por uma ambulância para o Hospital Nacional San Rafael, onde era esperado pela filha que não se lembra dele e a mãe que achava que o filho estava morto após não ter notícias dele durante anos.
Alvarenga permanecerá hospitalizado por pelo menos dois dias enquanto descansa e passa por uma série de exames, entre eles um teste de função dos rins, informou o médico responsável pelo caso, Yeerles Ramirez.
A história de Alvarenga atordoou o mundo quando foi encontrado duas semanas atrás com aparência robusta e quase sem queimaduras de sol apesar de ter passado mais de um ano no mar. Após ser examinado, os médicos disseram que ele estava inchado e desidratado.
A incrível aventura de Alvarenga deixou muitos céticos, mas especialistas disseram ser humanamente possível ele ter sobrevivido. Ao longo dos dias, surgiram vários detalhes que corroboraram a horrível jornada.
Alvarenga contou que trabalhou em uma vila de pescadores na costa do Pacífico no Estado de Chiapas ao sudoeste do México, onde embarcou. Um homem com o mesmo apelido de Alvarenga, ‘cirilo’, foi registrado como desaparecido pela defesa civil em Chiapas. Consta dos registros que um pequeno bote carregando dois homens, o outro era Ezequiel Cordoba, desapareceu durante uma tempestade em 17 de novembro de 2012, e que não foram encontrados após duas semanas de buscas intensas.
Córdoba morreu um mês depois após se recusar a comer peixe cru e tartaruga, contou Alvarenga. Fotos mostram o barco em que Alvarenga chegou com o nome da cooperativa de pescadores de Chiapas, Camarones de la Costa, pintado na lateral. O pescador disse que trabalhou para esta cooperativa na Costa Azul, próximo a Tonala. As fotos também mostram um grande isopor azul usado por Alvarenga como abrigo contra o sol e o mar. Fonte: Associated Press.