Não dê alimentos para os quatis

As cataratas não são o único atrativo do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, na região oeste do estado. Um animalzinho simpático, conhecido pelo nome de quati (também se pode escrever cuati ou coati), costuma encantar os turistas que percorrem as trilhas do local. Com gestos ágeis e aparência de bichinho de pelúcia, o animal diverte tanto crianças quanto adultos, geralmente sendo tão filmado e fotografado quanto os próprios saltos que compõem as cataratas.

Porém, a interação dos quatis com alguns visitantes do parque vem gerando prejuízos aos animais. O grande problema é que, com a intenção de brincar com os bichos, atrair-lhes a atenção ou mesmo agradá-los, muitos turistas acabam dando-lhes alimentos que lhes prejudicam a saúde e lhes fazem perder alguns hábitos naturais.

?O parque recebe cerca de um milhão de visitantes por ano, vindos de diversas partes do mundo. Por isso, os quatis ganham desde comida japonesa, russa, até outros tipos de alimentos. As pessoas lhes dão doces, refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, sorvetes e uma série de outras coisas, sem consciência do mal que isto pode causar aos bichinhos?, comenta o biólogo do parque nacional, Alcides Ricieri Rinaldi.

Os quatis são carnívoros frugívoros, isto é, se alimentam de frutas, pequenos mamíferos e aves. Em meio à floresta do Parque Nacional do Iguaçu, eles têm à disposição uma série de alimentos, como frutos de figueira, goiabas e coquinhos. Porém, as guloseimas dadas pelos turistas têm feito com que eles mudem sua dieta e deixem de procurar os próprios recursos alimentares, dando preferência a itens de fácil obtenção. ?Está havendo uma substituição da dieta alimentar dos quatis. Com isso, o instinto dos animais de caçar e procurar a própria comida acaba sendo deixado um pouco de lado.?

Outra questão é que os doces, salgadinhos e demais produtos industrializados acabam contribuindo para que os bichinhos fiquem doentes. Recentemente, funcionários do parque capturaram alguns indivíduos, os examinaram e, antes de devolvê-los à liberdade, verificaram que eles eram vítimas de obesidade, colesterol alto e problemas dentários, como por exemplo cáries e tártaro. Além de tudo isso, os alimentos não naturais aos quatis podem prejudicar-lhes a digestão e gerar-lhes desconforto.

Segundo Alcides, a maioria das pessoas que alimentam os animais não o fazem por mal e sequer sabem que estão interferindo na biologia dos bichos. Porém, existem orientações sobre a questão na entrada do parque e placas informativas ao longo da trilha. Mesmo assim, a desobediência às regras costuma ser grande. ?Ao levar alimento para as áreas de trilhas, as pessoas também estão colocando em risco a própria segurança. Os quatis, apesar da aparência dócil, são animais silvestres. Por isso, eles podem morder os turistas na tentativa de roubar-lhes comida e, desta forma, transmitir-lhes algum tipo de zoonose.?

Para evitar acidentes, o biólogo recomenda que as pessoas não comam nas trilhas, não permitam que crianças entrem com alimentos e não guardem guloseimas dentro de bolsas e sacolas plásticas, que podem ser carregadas ou mesmo estouradas pelos animais.

Animal caracterizado por ter riscas no corpo

Os quatis que vivem no parque são carnívoros frugívoros, isto é, se alimentam de frutas, pequenos mamíferos e aves.

A palavra quati, na língua tupi, significa ?o que tem riscas no corpo?. O nome se deve ao fato de os animais serem caracterizados pela presença de alguns anéis com pêlos de cor mais clara ao longo de suas caudas, que medem aproximadamente 55 centímetros de comprimento.

Pertencentes à família Procyonidae, os quatis encontrados no Brasil e também na Colômbia, Uruguai e norte da Argentina têm como denominação científica Nasua nasua. Porém, existe outra espécie, conhecida como Nasua nelsoni, que pode ser vista em algumas regiões da América Central.

Pesando entre três e seis quilos e com corpo medindo cerca de 75 centímetros, os Nasua nasua possuem pêlos compridos e abundantes, com colorações que variam do cinza-escuro ao marrom-avermelhado.

De nariz bastante cumprido, os animais são portadores de dentes fortes e garras bastante afiadas, capazes de machucar pessoas na tentativa de roubar-lhes alimentos. Considerados bastante rápidos e espertos, costumam dormir no alto das árvores, com o nariz escondido entre o corpo.

A gestação de um quati, de acordo com informações da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, dura de dez a onze semanas, sendo que os animais atingem a maturidade sexual aos dois anos de idade e são capazes de dar à luz de dois a sete filhotes, que nascem pesando cerca de cem gramas. A expectativa de vida dos indivíduos varia de doze a quinze anos.

Os bichos são vistos em grupos de quatro a vinte componentes, que são capazes de percorrer distâncias de até dois quilômetros diariamente, tendo hábitos diurnos. Considerados sociáveis, os quatis não costumam se envolver em brigas com muita freqüência. Quando se sentem ameaçados ou em situação de risco, costumam levantar as caudas. Muitas vezes são perseguidos por seres humanos devido à pelagem, à carne e por gerarem prejuízos à lavoura.

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