A Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu reduzir ainda mais o número de equipes de resgate no Haiti e admitiu que não conseguiu estabelecer um sistema adequado de distribuição de ajuda. A partir de agora, a prioridade serão os sobreviventes espalhados por ruas e acampamentos improvisados.
A decisão foi tomada depois que organizações humanitárias informaram que dificilmente alguém poderia resistir por mais de uma semana sem água e comida. “As equipes estão exaustas e, à medida que o tempo passa, a chance de achar alguém ainda vivo é cada vez menor”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo a porta-voz da ONU Elizabeth Byrs.
Na terça-feira, as equipes de resgate haviam sido reduzidas de 52 para 48. Ontem, o número caiu para 36. “Parte das equipes está sendo usada agora para a distribuição de comida e remédios”, disse Elizabeth. No auge da operação, 1,8 mil homens trabalhavam com a ajuda de 175 cães. Até ontem, 121 pessoas haviam sido resgatadas com vida.
A ONU também admitiu que está tendo dificuldades para estabelecer um sistema de distribuição de ajuda adequado. “Apesar da ajuda internacional, as necessidades são maiores do que a resposta.” Segundo Elizabeth, a organização não está conseguindo fazer os alimentos chegarem aos desabrigados. No início da semana, a expectativa era de atender 100 mil por dia. Ontem, foram apenas 60 mil. Segundo a ONU, o problema é a falta de policiais e militares para fazer a segurança da distribuição.
A maior preocupação na capital é como tratar as fraturas – o gesso acabou, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras. Ontem, o governo do Haiti começou a espalhar soda cáustica sobre corpos e prédios em que os mortos ainda não foram resgatados para evitar a disseminação de doenças.