Na ONU, papa Francisco pede medidas efetivas para combater degradação ambiental

O papa Francisco conclamou líderes mundiais reunidos na manhã desta sexta-feira na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) a adotarem medidas efetivas contra a degradação ambiental, apontada por ele como um dos fatores responsáveis pela exclusão econômica e uma ameaça à própria sobrevivência da humanidade. Em seu primeiro discurso na entidade, o pontífice pediu ainda a realização de acordos “fundamentais e eficazes” na Conferência do Clima marcada para dezembro em Paris e defendeu a ideia de que há um “direito do meio ambiente”.

A questão ambiental foi o foco do pronunciamento do papa, que dedicou ao tema sua segunda encíclica, Laudato Si, divulgada em maio. Falando em espanhol a líderes mundiais reunidos no plenário da ONU, Francisco vinculou a preservação ecológica à limitação do poder de países e indivíduos, nos termos das regras internacionais.

“Um afã egoísta e ilimitado de poder e de bem-estar material leva tanto ao abuso dos recursos naturais disponíveis como à exclusão dos fracos e com menos habilidades”, declarou o papa. “Qualquer dano ao ambiente, portanto, é um dano à humanidade.”

Reafirmando a visão apresentada na Laudato Si, o papa observou que os mais pobres são os que mais sofrem em razão do processo de degradação ecológica: “São descartados pela sociedade, são ao mesmo tempo obrigados a viver do que é descartado e devem sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente. Esses fenômenos integram a tão difundida e inconscientemente consolidada ‘cultura do desperdício'”. Segundo ele, “a exclusão social e econômica é uma completa negação da fraternidade humana e uma grave ofensa contra os direitos humanos e o meio ambiente”.

Francisco exaltou os governantes a irem além das declarações de princípios e intenções e demonstrarem “vontade efetiva, prática, constante” de dar passos concretos e adotar ações “imediatas” para “preservar e melhorar o ambiente natural e vencer o quando antes o fenômeno da exclusão social e econômica”.

Enfatizando o sentido de urgência, o papa afirmou que a crise ecológica e a destruição de boa parte da biodiversidade é a ameaça à própria sobrevivência humana. “As nefastas consequências de um desgoverno irresponsável da economia mundial, guiado apenas pela ambição de lucro e de poder, deve ser um chamado a uma severa reflexão sobre o homem: ‘o homem não é apenas uma liberdade que ele cria sozinho. O homem não cria a si mesmo. É espírito e vontade, mas também natureza'”, observou Francisco, citando seu antecessor, Bento XVI.

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