Explosões e disparos estremeciam hoje a capital financeira da Costa do Marfim, Abidjã, enquanto forças leais a Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como o presidente do país, aproximavam-se do último bastião de Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o cargo.

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Embora Gbagbo, de 65 anos, continue em silêncio e sua localização seja desconhecida, um auxiliar próximo disse que ele não tem intenção se de entregar. As forças de Ouattara varreram Abidjã ontem e encontraram pouca resistência do exército de Gbagbo.

Enquanto a União Africana se unia aos pedidos internacionais para que Gbagbo deixasse o poder, metralhadoras e artilharia pesada ressoavam pelo distrito administrativo de Plateau, estremecendo paredes de prédios, segundo a agência France Presse.

As forças de Ouattara continuam na dianteira e afirmam que a guarda presidencial de Gbagbo, as últimas forças com as quais ele pode contar, não poderão se manter por muito tempo. “Eu não acho que Laurent Gbagbo é capaz de resistir muito mais, com todas as deserções registradas em sua fileiras… ele está condenado a ser removido”, disse a porta-voz Anna Ouloto à AFP. O chefe do Estado-Maior de Gbagbo, general Philippe Mangou, fugiu com sua família e se refugiou na residência do embaixador da África do Sul.

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Os combates se intensificavam ao redor do palácio presidencial, no abastado subúrbio de Cocody. Um funcionário sueco da Organização das Nações Unidas (ONU) foi atingido e morreu “provavelmente vítima de uma bala perdida”, disse o Ministério de Relações Exteriores da Suécia. “O tiroteio não para. Os homens de Gbagbo resistem em todas suas posições”, disse um morador de Abidjã.

A missão da ONU na Costa do Marfim informou que sua sede foi “alvo das forças especiais de Gbagbo, que atiraram contra o local na tarde de ontem. Tropas da ONU revidaram num confronto que durou três horas”.

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Homens de Ouattara seguiram até Abidjã ontem, após encontrarem pouca resistência na ofensiva contra o exército local, controlado por Gbagbo. A capital política da Costa do Marfim, Yamoussoukro, e o porto que mais exporta cacau no mundo, San Pedro, caíram nas mãos dos homens de Ouattara. Eles também tomaram o aeroporto e a televisão estatal, cortando os canais de comunicação de Gbagbo.

O governo de Ouattara fechou ontem todas as fronteiras por terra, mar e ar, para impedir que Gbagbo e seus aliados fujam do país. Foi imposto um toque de recolher durante as noites até domingo. No poder desde 2000, Gbagbo recusa-se a deixar o posto desde que perdeu a eleição. A violência após a disputa nas urnas gera uma crise política e econômica no país, maior exportador de cacau do mundo. As informações são da Dow Jones.