A tensão racial voltou ontem ao vilarejo de Ventersdorp, norte da África do Sul, onde foi realizada a segunda audiência dos dois negros acusados de matar o patrão, o líder supremacista branco Eugene Terreblanche, há duas semanas. A polícia sul-africana montou novamente uma operação de guerra e impediu o acesso da população ao tribunal. Do lado de fora, havia um batalhão de jornalistas e muitos negros ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Municipais da África do Sul.
A surpresa do dia ficou por conta do advogado de defesa, Zola Majavu, que desistiu de pedir a fiança de um dos acusados, o jovem de 15 anos. Questionado se havia algum problema com seu cliente, Majavu disse que não. “Ele está feliz. Pela primeira vez na vida, está dormindo em uma cama, vendo TV e comendo três vezes ao dia.” A audiência que julgará a fiança do outro suspeito, Chris Mahlangu, de 28 anos, foi marcada para 10 de maio.
A polícia sul-africana continua investigando o caso. Até agora, todos os depoimentos mostram que o crime ocorreu porque Terreblanche devia dinheiro aos dois acusados. Os policiais, contudo, não descartam nenhuma hipótese, até mesmo uma motivação sexual – o líder do AWB teria tentado violentar seus dois empregados.