Os cinco brasileiros agredidos pela Scotland Yard, polícia de Londres, vão falar sobre o caso na tarde de hoje (30). Na sede da organização não governamental (ONG) Casa do Brasil, na capital inglesa, os músicos paranaenses Thiago Antonio Murador, 26 anos, do município de Carlópolis, Luiz André Oliveira Rosa, 23, de Mariluz, Herigo Fabrício, 24, e Adiel Henrique, 20, ambos de Apucarana, acompanhados da menor KMM, 15 anos, vão contar, numa entrevista coletiva, detalhes da agressão. Eles foram abordados pelos agentes da MPS na madrugada do dia 18, quando saíam de uma apresentação num culto evangélico em Willesden, no norte da cidade.
Segundo o presidente da Casa do Brasil, ONG que presta assistência a imigrantes, Carlos Mellinger, eles tiveram o carro fechado por um BMW da polícia, apesar de o grupo está em situação legal no país. “Quatro oficiais armados desceram da viatura e aos berros abriram as portas do Golf preto que os brasileiros ocupavam e arrastaram os ocupantes para fora do veículo com violência. A menor, irmã de um deles, e a namorada do motorista do veículo foram instruídas a ficar imóveis no interior do veículo.”
O grupo registrou uma queixa-crime no IPCC, organismo que investiga casos de abusos cometidos por forças policiais da Inglaterra. A Cada do Brasil acompanha os brasileiros após constatar que realmente houve abuso dos policiais. “Fizemos o registro assim que soubemos do caso, na quarta-feira [21] e encaminhamos no dia 28 os relatórios individuais dos adulto.”
Segundo ele, hoje (30) pela manhã a ONG recebeu correspondência assinada por Michelle Ellington, responsável pelo caso no IPCC, informando que o caso será investigado pela Metropolitan Police, Putney Bridge. “Investigadores deverão em um futuro próximo entrevistar informalmente todas as vítimas e indagar a elas que tipo de investigação desejam que ocorra”, informou no documento.
Mellinger disse à Agência Brasil que apesar de muito provavelmente terem identificado que os suspeitos não eram as pessoas que procuravam, os insultos e agressões continuaram “culminado até num disparo de choque elétrico em Thiago, que já estava no chão imobilizado pela polícia, após ter sido chutado várias vezes, tendo uma costela fraturada”.
De acordo com o presidente da ONG, os adultos receberam tapas na cabeça, chutes, pisadas e brutalidade com o uso de algemas. Oito viaturas de polícia atenderam os brasileiros no local e duas vans foram chamadas. As equipes que chegaram posteriormente chamaram uma ambulância.
A mãe de Thiago, Ester Murado, que mora num sítio no município paranaense de Carlópolis, disse que só ontem (29) o filho ligou para ela contando sobre as agressões. “Ele disse que o carro deles foi confundido com o de traficantes de drogas. Eles foram acusados de ter drogas no carro”, contou à Agência Brasil. Ela disse que o filho é evangélico da Congregação Cristã e está há dois anos na Inglaterra trabalhando na limpeza de uma escola e como mecânico.
Ester disse que o filho apanhou muito e que se depender dela ele retorna definitivamente ao Brasil. “Ele já estava com passagem comprada para o mês de maio. Vinha passear, agora, não sei se ele voltará.”
Segundo ela, Thiago confirmou que foram os próprios policiais que chamaram a ambulância que os atendeu no local onde foram abordados.
O presidente da Casa do Brasil disse que, com o crescimento da comunidade brasileira em Londres e por excessivos números de detenções desnecessárias, já havia feito em fevereiro uma reunião com representantes da Scotland Yard e expressado a preocupação. Ele citou até o caso do brasileiro Jean Charles, morto pela polícia de Londres em 2005, em uma estação de metrô ao ser confundido com um suspeito de atentado.
Deve participar da entrevista em Londres, também um outro brasileiro, Mauro Bicalho, 44 anos, natural de Timóteo (MG). De acordo com a ONG, ele também está com processo de reclamação formal contra a polícia britânica por uso excessivo de força, que causou sérios problemas em seu ombro. O brasileiro, que era carpinteiro, enfrenta dificuldades e será operado no próximo mês.