O clérigo xiita Muqtada al-Sadr, líder da milícia Exército Mahdi, ordenou neste domingo (30) a retirada de seus comandados das ruas do Iraque. Ele apresentou sua oferta em uma declaração de nove pontos, emitida de seu quartel-general, em Najaf.

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A mensagem de Al-Sadr foi em seguida repetida em várias mesquitas xiitas. Os escritórios do grupo em várias cidades do sul do país anunciaram que acatariam a medida.

O porta-voz do governo iraquiano Ali al-Dabbagh qualificou a decisão como "positiva e sensível". Mas advertiu que as forças de segurança do país seguiriam atacando quem não acatasse a ordem do clérigo.

"Prevemos que a convocação (de Al-Sadr) terá uma resposta ampla", disse. "Depois deste anúncio, os que atacarem o governo e suas instituições serão considerados…foras-da-lei."

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Apesar do anúncio, horas depois era possível escutar disparos esporádicos no centro de Bagdá. Não era possível identificar os autores dos tiros.

Em Basra, sul do país, prosseguiram neste domingo (30) violentos confrontos, resultado da operação de repressão contra milícias lançada pelo governo. Estima-se que pelo menos 300 pessoas já tenham morrido desde o início desta operação, na terça-feira (25).

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Em Bagdá, um funcionário de segurança iraquiano informou que um suicida explodiu um carro-bomba. No atentado, ao norte da capital, morreram cinco milicianos sunitas que eram apoiados pelos Estados Unidos. O incidente ocorreu, segundo o iraquiano, em Siniya, 250 quilômetros ao norte da capital. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas no ataque, às 14h30 locais, afirmou o funcionário, que falou sob condição de anonimato.

Os mortos eram membros do chamado "conselho do despertar". Seriam sunitas que antes atacavam soldados norte-americanos e desde o ano passado voltaram suas armas contra a Al-Qaeda no Iraque.

Em Basra, milicianos xiitas que invadiram as instalações de uma emissora de televisão estatal e obrigaram os guardas que rodeavam o edifício a fugir. Além disso, os invasores também incendiaram veículos na área.

Não foi informado se houve mortes nesta ação. Porém o incidente demonstra os desafios do governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki para conter as milícias xiitas no local. A região de Basra, a segunda cidade mais importante do país, concentra importantes reservas petrolíferas.

A resistência encontrada pelo governo de Bagdá, respaldado pelos EUA, tomou a todos de surpresa, reconheceu um funcionário iraquiano, falando sob anonimato. Esta seria a razão de o governo agora adotar a tática de tentar eliminar bastiões do Exército Mahdi, liderado por al-Sadr.

O funcionário, que está em Basra, afirmou que Maliki enviou reforços para a área. Além disso, está buscando o apoio de líderes tribais na luta para controlar a região.

Maliki, um xiita, afirmou anteriormente que a luta em Basra é "a batalha final e decisiva". Ele prometeu continuar o combate até o governo tomar o controle total da área.

Mas o primeiro-ministro reconheceu ter errado ao não prever o vigoroso contragolpe dos milicianos. A ofensiva em Basra teve como efeito colateral a eclosão de enfrentamentos em Bagdá e em outras cidades com presença de milícias xiitas.