Mulher quer eutanásia, mas governo francês não permite

Uma mulher quer morrer. Seu nome é Chantal Sébire. Ela tem 52 anos. Uma antiga professora. Tem filhos. E quer morrer porque sua agonia é abominável. Mas por mais que tenha suplicado a seus médicos, à justiça, ao presidente da República, ninguém lhe concedeu o direito de uma morte assistida

Chantal sofre de uma doença muito rara, que provoca dores intoleráveis e uma deformação do rosto monstruosa. O diagnóstico de todos os médicos é o mesmo: é um mal incurável. Seu fim é fatal e muito breve.

Infelizmente, a lei francesa, bastante moderna, já que foi adotada há poucos anos, em 2006, não autoriza a medicina a facilitar a morte de um paciente. Ela dá aos médicos apenas o direito de "deixar morrer".

Claramente, isso quer dizer que o médico, após consultas à família, pode interromper a medicação paliativa e suspender o tratamento intensivo. Em compensação, nenhuma jurisdição o autoriza a facilitar a morte do paciente.

Esta semana, uma última petição apresentada por Chantal foi rejeitada pelo Tribunal de Grande Instância de Dijon. O veredicto foi glacial, como um artigo do Código Civil: não, diante da atual legislação, nenhum juiz tem o direito de autorizar a morte assistida.

A única possibilidade oferecida aos médicos é interromper todas as ações de sobrevivência artificial, deixar a doente dormir e, se necessário, colocá-la em coma medicamentoso. Essa solução foi proposta a Chantal, mas ela recusou.

Ela quer morrer, com o acordo dos seus filhos, mas "dignamente". Ora, o coma artificial não respeita essa dignidade. A morte só pode ocorrer depois de várias horas ou mesmo vários dias. E essas horas, esses dias, são terríveis.

Um caso recente serve de exemplo: um jovem estava num estado desesperador. Seus pais obtiveram, graças à lei de 2005, o direito de "deixá-lo morrer". Para o doente, como também para os pais, foi um pesadelo. A agonia prolongou-se por seis dias.

Segundo testemunho dos pais, "no quarto dia, nós tínhamos a impressão de que estava conectado a uma corrente elétrica. No quinto e sexto dias, seu corpo parecia eletrocutado. Suas convulsões eram tão violentas que seu corpo saltava do leito. Foi desumano".

Médicos e pais assistiram mudos a esse horror. A lei prescreve que o médico deve se limitar a interromper as máquinas que mantêm uma vida artificial, mas em nenhum caso ajudá-lo a morrer "O médico deve cuidar para jamais ultrapassar a dose letal, de maneira a nunca abreviar a vida ou acelerar a morte…"

Chantal não vai recorrer da decisão. Está esgotada. E, por outro lado, rejeita a solução do coma medicamentoso. Ela fez contato com a Bélgica, a Suíça e a Holanda, três países onde a lei autoriza os médicos, uma vez asseguradas todas as garantias moral, familiar e médica, a apressar o fim de certas agonias.

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