O governador da província argentina de Río Negro, Carlos Soria, foi morto com um tiro na cabeça na madrugada de hoje em casa, num episódio confuso, e sua esposa, Susana Freydoz, está sendo interrogada pela polícia. O vice-governador da província, Alberto Weretilneck, disse que o episódio foi um “acidente doméstico” e afirmou que o governador estava acompanhado apenas pela esposa quando ocorreu o disparo.
Segundo a mídia local, a polícia questiona Susana Freydoz para saber se ela fez o disparo ou não e se, no caso de ter atirado, descobrir se a ação foi um acidente ou não.
O filho de Soria, Martín, que substituiu o pai como prefeito de General Roca após ele ter sido eleito governador, não fez nenhum comentário sobre a morte do pai. O casal tinha outros três filhos: Germán, Carlos e Emília.
Pouco antes da meia noite, Soria deu uma entrevista a uma estação local de rádio, expressando confiança e dizendo que 2012 será um grande ano para Río Negro, província patagônica que desenvolve rapidamente a mineração e a exploração petrolífera com investimentos estrangeiros. Rio Negro também tem estâncias turísticas na, sua parte andina, como Bariloche.
Empresas chinesas reativaram uma mina de minério de ferro e estão investindo mais de US$ 1 bilhão em projetos de irrigação para a produção agrícola, com o objetivo de exportar os alimentos à China. Río Negro também possui 1.400 fazendas pecuárias, com rebanhos de centenas de milhares de cabeças de gado.
Segundo as autoridades, Soria e sua esposa haviam passado a festa de Ano Novo na chácara do casal, perto da cidade de General Roca. Por volta das 4h da madrugada, uma equipe de emergência recebeu uma chamada e foi até o local, onde encontrou o governador baleado na cama. Ele foi levado ainda com vida ao hospital mas morreu pouco antes das 5h.
Soria era do Partido Justicialista (peronista), o mesmo da presidente Cristina Kirchner, e foi o primeiro político peronista a governar Río Negro desde a redemocratização da Argentina em 1984. Com 62 anos, ele venceu as eleições para governador por ampla margem em outubro do ano passado e tomou posse em 10 de dezembro. Ele venceu as eleições participando da coalizão Frente para a Vitória, derrotando o Partido Radical, que governava Río Negro.
Passado político
Embora Soria fosse um político destacado do Partido Justicialista, no passado ele entrou em choque com a presidente Cristina Kirchner. De acordo com o jornal Clarín, Cristina acusou Soria em 2002 de espionar seu marido, Néstor Kirchner. Na época, Soria chefiava a inteligência argentina e o presidente era Eduardo Duhalde, de outra facção do peronismo e rival do casal Kirchner.
Eles deixaram as diferenças de lado e Soria se elegeu prefeito da sua cidade natal, General Roca, cargo que ocupou durante oito anos e desafiando os radicais no governo da província, até conseguiu derrotá-los nas eleições do ano passado.
Na década de 1990, Soria liderou uma comissão do Congresso argentino que investigou o ataque a bomba em 1994 contra um centro judaico em Buenos Aires. Como ministro de segurança regional da capital argentina, na mesma época, ele também supervisionou a busca por corpos de desaparecidos durante a ditadura militar (1976-1983). As informações são da Associated Press.