O presidente do Uruguai, José Mujica, completou hoje 75 anos e seus médicos recomendaram que ele diminua o ritmo de suas atividades, embora esteja envolvido numa questão que pode ser complicada: solucionar as diferenças com a Argentina.
Mujica, que teve de cancelar sua participação na recente cúpula Europa-América Latina e Caribe, por recomendação médica em razão de estresse, decidiu diminuir o ritmo de trabalho dois meses depois de assumir o mandato de cinco anos. A comemoração de seu aniversário contará apenas com pessoas mais íntimas.
Mas Mujica enfrenta um complexo panorama, não apenas no âmbito local, pois se aproximam reuniões que podem dar outro perfil às difíceis relações com a Argentina e recentes medidas que motivaram a apresentação de notas oficiais, segundo revelou o chanceler Luis Almagro, em busca de explicações.
Elas se referem a decisões supostamente tomadas pela Secretaria de Comércio argentina que antecipou que, a partir de junho, grandes supermercados devem parar de realizar suas compras de empresas uruguaias para defender a indústria do país, uma medida protecionista que se choca com o livre comércio pretendido pelo Mercosul.
Problemas antigos, como o bloqueio de uma das três pontes binacionais sobre o rio Uruguai – que já dura três anos e ocorreu por causa de uma fábrica de celulose -, se juntam outros, como problemas no comércio que também não são novos.
Em 20 de abril, por uma falha da Corte Internacional de Justiça de Haia, foi decidido que a fábrica de celulose não produz contaminação e não havia razão para que ela fosse deslocada para outro lugar, como exigia a Argentina. O laudo deixou mais furiosos os piqueteiros, que estão longe de levantar o bloqueio, como afirmam diariamente. Na edição de hoje do diário “El País”, um dos manifestantes, José Pouler, fez insultos grosseiros ao jornalista e ao jornal.
A União de Exportadores do Uruguai afirma que os grandes supermercados argentinos e empresas uruguaias foram informados que a partir de 1º de junho não poderão exportar mais, embora não haja nada escrito sobre a suposta decisão da Secretaria de Comércio da Argentina.