O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, defendeu nesta segunda-feira, 25, uma solução pacífica para a crise na Venezuela e afirmou que é preciso “buscar caminhos” para o presidente Nicolás Maduro “ir embora” do país, juntamente com membros mais próximos de seu governo, e com isso ter início uma transição rumo à democracia. As afirmações foram feitas em entrevista para a Globonews em Bogotá, na Colômbia, onde foi participar da reunião do Grupo de Lima para discutir a situação venezuelana.
Mourão foi questionando na entrevista se o Brasil abriria seu território para tropas americanas entrarem na Venezuela, caso ocorra um conflito armado. O vice-presidente rechaçou a possibilidade, destacando que precisa de aprovação do Congresso e que a maior parte do governo é contra tal medida. “O Brasil não considera isso em hipótese alguma.”
“O Brasil vai buscar de todas as formas que não haja conflito”, disse Mourão, destacando que o Planalto buscará trabalhar em cima de pressão diplomática e política, como o não reconhecimento do regime de Maduro e o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino.
“Seria ruim trazer clima da guerra fria para dentro do continente”, disse Mourão ao ser questionado sobre “atores estranhos” novos na região, como a Rússia. “São os outros países, as grandes potências, que têm interesse na Venezuela”, disse ele.
Ainda na entrevista, Mourão foi questionado sobre um paralelo em relação ao diálogo entre Donald Trump e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-um, que se encontram esta semana, e a Venezuela. “O diálogo EUA e Coreia do Norte está muito centrado na questão nuclear, uma vez que a Coreia é uma potência nuclear”, disse ele, ressaltando que tem dúvidas se Maduro teria interesse em falar com Trump e vice-versa.
Sobre o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também presente na entrevista, afirmou que é um “grande líder” e está mobilizando o povo venezuelano para uma “transição democrática”. “Antes não existia essa alternativa a Maduro”, afirmou o chanceler brasileiro.