Londres – O francês Henri Paul, o motorista do Mercedes-Benz em que estava a princesa Diana de Gales na madrugada de 31 de agosto de 1997, quando sofreu o acidente que a matou, estava em "contato regular" com o serviço de espionagem francês, segundo foi informado nesta quarta-feira (5) na Suprema Corte de Londres.
Paul, que era subchefe de segurança do Hotel Ritz em Paris, estava em contato permanente com a Polícia local e com os serviços de Inteligência da França, tratando de "hóspedes importantes" do hotel.
Claude Roulet, assistente pessoal do presidente do Ritz, contou diante do jurado britânico como Paulo o colocou em contato pessoal com os espiões da Direção de Vigilância de Território (DST), quando um importante diplomata russo esteve hospedado no hotel.
Roulet narrou em muitos casos que os espiões pediam para saber os movimentos exatos de personalidades de alto escalão, e esclareceu que fornecia informação.
O empresário egípcio Mohamed Al Fayed, cujo filho Dodi morreu na colisão junto com Diana, está convencido de que o casal foi assassinado pelos serviços secretos britânicos MI6 sob ordens do duque Phillip de Edimburgo, esposo da rainha Elizabeth II.
Al Fayed acredita que Paul foi pago por espiões e seguiu ordens dos serviços de Inteligência quando o carro que dirigia bateu no túnel da Ponte D´Alma.
"A Polícia francesa sabia sobre a chegada dos hóspedes e quando precisava saber o que faziam perguntava aos nossos seguranças no Ritz para ter alguma informação. Informação como quem viam, quando saiam ou entravam, etc", declarou Roulet.
O Supremo de Londres foi informado hoje que Henri Paul foi recomendado para seu posto no Ritz por um agente policial que era um grande amigo seu.
Após ser interrogado se consistia em uma tarefa sua dar detalhes pessoais dos hóspedes à Polícia, Roulet explicou: "Normalmente é tarefa do chefe de segurança, mas Henri Paul tinha muitos bons contatos na Polícia francesa, talvez por isso fosse chamado com mais freqüência que seu chefe".
Al Fayed já havia denunciado que Paul, que ganhava entre 1.500 e 1.700 euros por mês, tinha 1.256 euros em sua carteira no momento da batida.
O motorista tinha várias contas bancárias e possuía um total de 170 mil euros em dinheiro e ações.
Para o pai de Dodi, o valor pode ter sido pago pelos serviços secretos, ainda que Roulet sugeriu que também pode ter vindo do próprio Dodi.
"Não acredito que tenham surgido da informação que dava a seus contatos essas altas quantias de dinheiro que estavam em sua conta bancária. Ele recebeu dinheiro do senhor Al Fayed, que o contratava para trabalhos especiais de seguranças para ele e sua família", afirmou Roulet.
A testemunha explicou que o egípcio costumava pagar até cinco vezes ao ano quantias que variavam entre 500 e 2 mil francos.