Morte de Fidel marca fim de um ciclo e chama atenção para futuro de Cuba

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Ainda que não possa ser vista como inesperada, a morte de Fidel Castro aos 90 anos é entendida por especialistas como o marco do fim de um período da história da ilha. O momento tende a ser determinante para o futuro do país e do partido comunista.

“É o final de um ciclo e o início de outro”, disse Emílio Morales, chefe do Havana Consulting Group, uma firma de consultoria de negócios em Cuba baseada em Miami, nos Estados Unidos. “Depois de 55 anos no poder, uma geração começa a desaparecer a algo novo está prestes a acontecer”, opina.

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A morte de Fidel Castro ocorre num momento de incerteza para Cuba, com a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. O sucesso eleitoral do republicano coloca em dúvida a abertura diplomática e econômica entre Cuba e os EUA, anunciada pela primeira vez pelo presidente norte-americano Barack Obama e o cubano Raúl Castro em dezembro de 2014.

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“O desenrolar mais importante que veremos depois da morte de Fidel têm a ver com o Partido Comunista Cubano”, diz Arturo Lopez-Levy, especialista em Cuba da Universidade do Texas. “Sem o carisma de Fidel, o partido agora vai basear sua legitimidade no nacionalismo e no desempenho econômico”, afirma.

A economia cubana, no entanto, tem sido ferida com a piora no ambiente no seu principal país aliado, a Venezuela. O fornecimento gratuito de petróleo à Cuba, que deu um fôlego para a economia da ilha, foi cortado.

Com o declínio da Venezuela, o presidente cubano Raúl Castro começou a implementar uma série de reformas econômicas, permitindo que cubanos abram seus próprios pequenos negócios, por exemplo. A morte de seu irmão mais velho pode permitir ao atual presidente avançar nestas mudanças.

“Talvez Raul tenha uma mão mais livre agora”, afirma o ex-ministro de Relações Exteriores do México, Jorge Castañeda.

A ilha ainda se tornou mais dependente dos Estados Unidos, recebendo mais de US$ 3,5 bilhões em remessas a cada ano, e uma quantia similar em mercadorias enviadas por norte-americanos de ascendência cubana a seus parentes. Os cálculos são do Havana Consulting Group. Somadas, as quantias ultrapassam as exportações totais no ano.

“Ninguém teria imaginado um cenário como esse há cinco anos”, diz Morales. “Depois de dias de luto e de solenidades, vamos ver uma Cuba avançando”, acrescenta. “Junto com o desafio associado à aproximação e a incerteza ligada à presidência de Trump, isso torna as coisas interessantes”, conclui.

Castañeda considerou que ser irônico o fato de que a morte de Castro abra um debate tão vigoroso sobre os prós e contras da Revolução Cubana em todo mundo. Ele considera que o único local onde esse debate não é permitido é a própria ilha. Fonte: Dow Jones Newswires.