O ex-almirante argentino Emilio Eduardo Massera, de 85 anos, morreu hoje no Hospital da Marinha em Buenos Aires. Massera foi um dos líderes do golpe militar de 1976 na Argentina e participou da junta que derrubou a ex-presidente Isabel Perón e governou entre 1976 e 1978.
Atualmente ele sofria de demência e tinha problemas cardíacos, o que evitou que fosse julgado por crimes contra a humanidade pela Justiça da Argentina. Um recepcionista do Hospital da Marinha confirmou que Massera morreu às 16h de hoje (17h, pelo horário de Brasília). Ele não revelou a causa da morte. Os canais da televisão argentina Crônica e C5N informaram, contudo, que Massera morreu de ataque cardíaco.
Massera, o brigadeiro Orlando Agosti e o presidente da junta militar Jorge Videla, além de outros líderes do golpe, tomaram o poder quando a Argentina estava convulsionada por guerrilheiros de esquerda e esquadrões da morte de direita, no período de turbulência que se seguiu à morte de Juan Domingo Perón em 1974.
Muitos consideram que Massera foi o cérebro das terríveis ondas de repressão que se seguiram ao golpe de 1976, na chamada “guerra suja”, na qual pelo menos 13 mil pessoas foram mortas pela repressão da junta militar. De acordo com grupos de direitos humanos, contudo, 30 mil pessoas foram assassinadas na Argentina pela repressão política entre 1976 e 1983.
Após a redemocratização da Argentina, Massera foi condenado em 1985 à prisão perpétua por três assassinatos, 12 casos de tortura e as detenções e confinamento de outras 69 pessoas.
O presidente argentino Carlos Menem, que governou entre 1989 e 1999, anistiou Massera e outros líderes do golpe. Em 2002, a lei de anistia de Menem que evitou que Massera e Videla fossem julgados foi derrubada pelo judiciário, mas os enfartes e a demência livraram o ex-almirante do julgamento. As informações são da Associated Press.