O agente W. Mark Felt, ex-número 2 do FBI, que assumiu ser o “Garganta Profunda” do escândalo Watergate, morreu na quinta-feira (18), aos 95 anos, em Santa Rosa, na Califórnia, após sofrer de uma insuficiência cardíaca congestiva por vários meses. O amigo da família John D. O’Connor anunciou a morte. O mesmo O’Connor escreveu em 2005 um texto na revista Vanity Fair, no qual revelava o segredo. Felt vazou aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, informações que culminaram na queda do presidente Richard Nixon, que renunciou em 1974, a fim de evitar um impeachment.

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O caso Watergate começou com a invasão em um escritório do Comitê Nacional do Partido Democrata, em 17 de junho de 1972, no edifício Watergate, em Washington. “As pessoas debaterão por um longo tempo se eu fiz o certo ao ajudar Woodward”, escreveu Felt em 2006. Para os críticos, entre eles alguns que ficaram anos presos por causa do escândalo, Felt foi um traidor, pois não honrou a confiança do presidente do país. Já seus partidários o qualificavam como um herói, por possibilitar que uma administração corrupta fosse desmascarada.

O caso gerou o livro “Todos os homens do presidente”, escrito pelos dois repórteres do Post. Em seguida, a obra também virou um filme, no qual a dupla de jornalistas era interpretada por Dustin Hoffman e Robert Redford. Ambos foram um sucesso e inspiraram gerações de jovens a praticar o jornalismo. Durante a cobertura de Watergate, Woodward e Bernstein utilizaram várias fontes em off (que não queriam divulgar seus nomes) para esclarecer o caso. O “Garganta Profunda” ajudava com dicas para que eles não perdessem o rumo e também confirmando informações vitais. O Post ganhou um Pulitzer pela cobertura, o principal prêmio do jornalismo dos Estados Unidos.

Felt ajudou Woodward a vincular o ex-agente da agência de inteligência norte-americana CIA Howard Hunt à invasão do escritório democrata, inicialmente tratada como um roubo. Durante o caso, Woodward e Felt mantiveram vários encontros secretos. Os críticos diziam que Felt, ligado ao ex-diretor do FBI J. Edgar Hoover, se sentiu passado para trás quando Nixon nomeou uma pessoa de fora do FBI para liderar a agência de investigação, após a morte de Hoover, em maio de 1972. “Nós não tínhamos idéia de suas motivações, e até hoje algumas delas permanecem não esclarecidas”, afirmou Bernstein. Felt negou a versão de que o descontentamento tenha motivado as denúncias.

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Ele ingressou no FBI em 1942 atuou como um “caçador de nazistas” durante a Segunda Guerra (1939-45). O próprio Felt liderou a investigação sobre o Watergate, e muitos suspeitaram que atuasse como um agente duplo. Deixou o FBI em 1973 e passou a dar palestras. Woodward e Bernstein se recusavam a revelar a principal fonte da cobertura até que ela morresse. Quando o próprio Felt revelou o segredo, a dupla confirmou a identidade do “Garganta Profunda”, apelido inspirado em um filme pornográfico popular na década de 1970.