Mohammed Oudeh, de 73 anos, principal organizador do massacre nas Olimpíadas de Munique em 1972, morreu hoje em Damasco, informou sua filha Hana Oudeh. Também conhecido como Abu Daoud, seu nome de guerrilha, Oudeh morreu de falência múltipla um dia depois de ter sido levado ao hospital Andalus. Na época, 11 membros da equipe olímpica de Israel foram feitos reféns no dia 5 de setembro por um grupo terrorista palestino denominado Setembro Negro. Os onze desportistas israelitas acabaram sendo assassinados em vários momentos do sequestro.
Oudeh não participou diretamente do Massacre de Munique, também conhecido como Tragédia de Munique, ocorrido durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972, mas foi um dos líderes que orquestraram todo o plano de ataque.
Oudeh foi líder do Setembro Negro, uma organização ligada ao grupo do líder palestino Yasser Arafat criada para se vingar da expulsão dos palestinos da Jordânia em 1970. Em entrevista à Associated Press em 2006, Oudeh afirmou que os eventos ocorridos em Munique significaram uma mudança para os palestinos e rejeitou o termo “terrorista” para descrever a luta dos palestinos. “Antes de Munique éramos simplesmente terroristas, depois pelo menos as pessoas começaram a perguntar quem são esses terroristas? O que eles querem?”, argumentou Oudeh. “Antes de Munique ninguém tinha a menor ideia do que era a Palestina”, frisou.
O líder palestino contou que estava confiante em relação à operação porque considerava os atletas israelenses, militares reservistas, uma meta legítima. Mas alegou que o grupo não tinha intenção de matar os israelenses, mas sim usá-los para barganhar a liberdade de mais de 200 palestinos presos em Israel na época.
Sem mostrar remorso ou arrependimento, Oudeh contou na entrevista à AP como os líderes palestinos da Organização para Libertação da Palestina (OLP) estavam furiosos por ter sido negado aos palestinos um espaço nas Olimpíadas, enquanto arquitetavam o ataque em um café em Roma.
Livro
Em seu livro publicado em 1999, “Palestina: De Jerusalém a Munique”, Oudeh reconheceu pela primeira vez sua participação no massacre de Munique. Nascido em Jerusalém em 1937, onde viveu até 1967 quando Israel tomou parte da cidade. Refugiado na Jordânia, Oudeh entrou para a OLP.
Depois do ataque de 1972, Oudeh viveu no leste europeu e depois no Líbano até que a guerra estourou em 1975. Depois voltou à Jordânia e de lá foi para Ramallah em 1993, quando foi assinado o acordo de paz entre palestinos e israelenses, em Oslo. Quando seu livro sobre Munique foi lançado, o único país que aceitou o terrorista em seu território foi a Síria.
O caixão de Oudeh, coberto com a bandeira da Palestina, foi levado para a Mesquita de AL-Wasim, no campo de refugiados palestinos Yarmouk, onde será velado. Ele será enterrado no cemitério de Martyrs, e autoridades palestinas de diferentes grupos, incluindo Fatah e o grupo islâmico Jihad devem comparecer. Ele deixa cinco filhas e um filho.