Morre Leon Febres Cordero, ex-presidente do Equador

O ex-presidente Leon Febres Cordero, um enérgico e controvertido político de direita, que dominou a política do Equador por quase duas décadas, morreu na segunda-feira (15), aos 77 anos. Segundo Alfonso Harb, amigo próximo e confidente político, Febres Cordero morreu por complicações de um enfisema pulmonar, após uma vida de fumante inveterado. Antes, havia sobrevivido a cinco operações delicadas, dois cânceres e três ferimentos de bala. O presidente Rafael Correa declarou luto oficial por três dias.

O político era conhecido por muitos no país apenas como “León”, ou leão, e chegou a ser qualificado por seus oponentes como o “dono” da nação. “Ele é o último caudilho. Não haverá ninguém mais como ele”, disse certa vez o ex-vice-presidente Blasco Penaherrera, em uma entrevista.

Febres Cordero foi presidente do Equador entre 1984 e 1988. Era um duro opositor do esquerdista Correa, chamado pelo ex-líder de comunista. O mandatário reagiu, qualificando-o como um “dinossauro político”.

Trajetória

Nascido em 1931 na cidade de Guayaquil, capital econômica do país, Febres Cordero era um engenheiro mecânico educado nos Estados Unidos. Ele foi um dos três presidentes equatorianos nos últimos 27 anos que conseguiu terminar seu mandato no prazo, na politicamente instável nação andina.

O equatoriano foi o primeiro presidente da América Latina a abraçar o livre mercado, na década de 1980. A postura lhe rendeu a simpatia de outro ícone conservador, o norte-americano Ronald Reagan, presidente entre 1981 e 1989. Após o fim de seu mandato em 1988, Febres Cordero foi prefeito e dominou o Congresso, como líder do conservador Partido Social Cristão. Assim foi até que problemas do coração o afastaram da política, em 2002.

No poder, Febres Cordero esteve constantemente em confronto com o Congresso, barrando uma tentativa de impeachment apoiando-se nos militares e cercando a Suprema Corte com tanques, a fim de impedir a posse de magistrados indicados pelo Congresso. Também sobreviveu a duas rebeliões militares e a um seqüestro realizado por pára-quedistas rebeldes, quando ficou 11 horas detido. Três de seus guarda-costas morreram nessa ocasião.

“Exercer a liderança, meu amigo, não é feito com sorrisos”, disse ele em uma entrevista em 2006. Febres Cordero usou mão-de-ferro para acabar com a guerrilha urbana Alfaro Vive, inspirada no modelo cubano. “Sorrisos são bons para conquistar uma mulher, mas não para governar.”

Os oponentes acusavam o ex-líder de ser autocrático e de usar seu poder sobre o sistema judiciário para perseguir adversários. Porém, Febres Cordero tinha apoio incondicional da direita e também de grande parte da população.

Após deixar a presidência, em 1988, foi ainda prefeito de Guayaquil entre 1992 e 2000.

“Meus melhores amigos são meus cigarros e minhas pistolas. Eles não me pedem nada e estão sempre prontos”, brincou, na entrevista de 2006.

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