O presidente da Bolívia Evo Morales concordou na segunda-feira (20) em buscar apenas uma reeleição. A decisão permitiu o fim de um impasse no Congresso e a convocação de um referendo sobre a nova Constituição do país, que busca dar mais poder à maioria indígena, historicamente oprimida. O acordo, anunciado pelo vice-presidente Álvaro García Linera, ocorreu enquanto mais de 100 mil aliados do presidente se concentravam na rua da capital para pressionar pela nova Carta.
O texto é amplamente apoiado pelos mais pobres, porém sofre resistência das classes média e alta, sobretudo dos departamentos (Estados) do leste, que buscam mais autonomia regional. O próprio presidente anunciou à multidão, nas proximidades do Congresso, que um acordo determinou que o referendo ocorrerá em 25 de janeiro. Antes, Morales tinha se comprometido a “apenas participar em uma reeleição, para o período 2009-2014.”
A nova Constituição prevê a realização de novas eleições nacionais – para presidente, vice-presidente e para o Congresso. A data para essa eleição é 6 de dezembro de 2009. Morales argumentava que o próximo mandato seria o primeiro com a nova Carta, o que lhe permitiria ainda buscar uma reeleição em 2014.
A oposição denunciou a iniciativa como uma tentativa do presidente se perpetuar no cargo. Pela lei atual na Bolívia, o presidente pode ocupar a presidência apenas por dois mandatos, não consecutivos. Em um referendo revocatório convocado em agosto, Morales foi mantido no cargo após ser aprovado por 67% dos bolivianos. Espera-se que a nova Carta seja aprovada sem dificuldades.