O presidente Evo Morales advertiu sobre a possibilidade de um levante popular na Bolívia caso as cortes eleitorais departamentais insistam na suspensão do referendo revogatório de 10 de agosto.

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Morales proferiu a advertência nesta terça-feira (29), diante de centenas de camponeses na região do Chapare que, pelo vigésimo ano consecutivo, o reelegeram presidente das seis federações de plantadores de coca.

“Quero pedir às cortes departamentais eleitorais e a seus membros que respeitem as leis. Cuidado: o povo se levantar contra essas entidades porque não estão respeitando a democracia, as leis nem a soberania do povo”, disse Morales ao encerrar um congresso de “cocaleros”.

O discurso de Evo aconteceu a doze dias do referendo revogatório; ontem, cinco das nove cortes departamentais reunidas em Santa Cruz acordaram pedir à corte nacional que, antes de seguir com a consulta, sejam sanadas as dúvidas sobre seu valor constitucional.

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O órgão encarregado de responder essas dúvidas é o Tribunal Constitucional que, porém, não pode proferir sentenças pois seus quatro membros titulares renunciaram e até agora não foram substituídos.

As cortes questionam também o formato do referendo, pois o crescimento do número de votantes dificultará a comparação com os resultados de 2005 para que se decida quem perde o mandato.

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Morales ratificou, durante a reunião, suas denúncias contra a oposição, que rejeita o referendo, e instou os prefeitos opositores a aceitarem o desafio e “deixem que o voto do povo decida que autoridades ficam e quais se vão”.

O encontro de produtores de coca, que começou sábado e terminou na terça-feira, deliberou que, se for necessário, serão realizadas mobilizações em todo o país para dar “apoio ao processo de mudança impulsionado pelo presidente”.

Os cultivadores de coca e sindicatos campesinos de outros distritos do país se declararam em alerta e anunciaram que se manterão em vigília em torno das sedes das cortes eleitorais departamentais, exigindo que retirem seus questionamentos à consulta de 10 de agosto.

Morales foi reeleito ao cargo de presidente das seis federações do trópico de Cochabamba por mais dois anos, apesar de ter anunciado, um mês atrás, que tinha intenção de renunciar.

Evo Morales iniciou sua carreira política em 1983, quando foi eleito secretário de esportes de seu sindicato. Em 85 foi eleito secretário-geral das seis federações e, três anos depois, presidente. Em 1997, foi eleito deputado por essa região e, em 2005, presidente da república.