Muitas das acusações russas de que a Geórgia está violando o acordo de cessar-fogo na região separatista da Ossétia do Sul são exageradas, disse nesta sexta-feira (24) o chefe da missão da União Européia que monitora a observância da trégua na região. A Rússia deveria providenciar mais detalhes se tiver provas que a Geórgia não respeita o acordo, disse Hansjoerg Haber.
A guerra entre a Geórgia e a Rússia ocorreu em agosto, quando tropas georgianas lançaram um ataque para retomar o controle da província separatista da Ossétia do Sul. As forças russas rechaçaram o ataque da Geórgia e empurraram os agressores de volta ao território georgiano, avançando a até 50 quilômetros da capital da Geórgia, Tbilisi.
A Rússia retirou suas forças de parte da Geórgia, de acordo com os termos do pacto de cessar-fogo mediado pela União Européia. A UE enviou uma missão com mais de 200 monitores para vigiar a implementação do acordo. Mas Moscou tem reclamado que tropas georgianas não se retiraram de áreas próximas à Ossétia do Sul e à Abkházia, outra província separatista, e instigaram tiroteios e disparos contra soldados russos. “Em geral, podemos dizer que esses relatos foram exagerados”, disse Haber. “Podem ter ocorrido disparos isolados, mas nenhum incidente maior foi registrado”.
Se a Rússia e seus aliados na Ossétia do Sul têm provas de transgressões da Geórgia, eles deveriam permitir a entrada dos monitores da UE na província separatista para investigar, disse Haber. “Nós teríamos prazer em ir ao lado deles da fronteira e inspecionar o que ocorreu lá. Nós convidamos eles a nos convidarem”, disse Haber. Ontem, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou os 225 monitores da UE de fecharem os olhos para o fato de que as tropas da Geórgia não se retiraram de áreas próximas à Ossétia do Sul e à Abkházia.
A Geórgia, enquanto isso, acusou as tropas russas de destruírem uma ponte dentro da província separatista da Abkházia, com o objetivo de isolar uma comunidade de georgianos étnicos que vive lá. As tropas russas teriam demolido uma ponte entre Gali, na Abkházia, e Zugdidi, na Geórgia, disse o porta-voz do Ministério do Interior da Geórgia, Shota Utiashvili. A ponte era um dos últimos cruzamentos em bom estado entre a Geórgia e a Abkházia, disse Utiashvili. Muitos dos cidadãos de Gali são georgianos étnicos.