A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, indicou nesta quarta-feira (14) que seu governo não vai antecipar o aumento da mistura do etanol à gasolina. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, a chanceler declarou que a Alemanha vai manter a estratégia da União Européia de elevação do porcentual da mistura apenas em 2020 e que não poderia antecipar a medida por conta da frota de veículos antigos ainda em circulação.

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"Estamos no bom caminho", afirmou ela, durante entrevista à imprensa. "Esse assunto depende da sustentabilidade", completou, referindo-se à preocupação na opinião pública e nos partidos que apóiam seu governo com relação ao impacto dos biocombustíveis sobre o desmatamento de florestas e a oferta de alimentos no mundo.

Há cerca de um mês, o governo alemão engavetou um projeto de antecipação, para 2009, do aumento da mistura de 5% para 10% de etanol à gasolina por conta de pressões internas.

Durante a entrevista, o presidente Lula afirmou que há interesses muito fortes nesse debate e lembrou que o surpreendeu a acusação de que os biocombustíveis eram os responsáveis pelo aumento dos preços internacionais dos alimentos. Lula criticou a hipocrisia dos que assinam o Protocolo de Kyoto, mas sabem que as emissões de gás carbônico advêm do uso do petróleo como combustível. "Parece um tabu", afirmou.

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"Todo mundo faz ouvido de mercador. Ninguém quer deixar de usar o petróleo", completou Lula, para logo em seguida ressaltar para a imprensa alemã que estava falando no momento em que o Brasil descobriu grandes reservas petrolíferas. "Se vocês vierem aqui em dez anos, vão chamar o presidente do Brasil de xeque", arrematou.