A Coreia do Norte apresentou nesta quinta-feira à imprensa um missionário batista sul-coreano que teria sido preso há mais de quatro meses por supostamente tentar estabelecer igrejas cristãs clandestinas no país. Sob os olhos de funcionários do governo, ele disse que lamentava por seus “crimes contra o Estado”. Em sua primeira aparição pública desde que foi preso, Kim Jung Wook pediu às autoridades sul-coreanas que mostrem clemência libertando-o e afirmou que havia recebido ajuda da agência de inteligência da Coreia do Sul.
No passado, autoridades norte-coreanas promoveram entrevistas coletivas encenadas, onde os detidos são apresentados perante a mídia para fazer declarações das quais mais tarde se retratam. Kim disse a jornalistas que foi preso no dia 8 de outubro, depois de cruzar para a Coreia do Norte vindo da China, em uma tentativa de chegar a Pyongyang com Bíblias, materiais e filmes de instrução cristã. Ele disse não saber que tipo de punição iria enfrentar e afirmou ter solicitado a entrevista para mostrar à família que está bem.
Ele afirmou que havia se encontrado várias vezes com funcionários da inteligência sul-coreanos antes de entrar no Norte a partir da cidade fronteiriça chinesa de Dandong. Disse ainda ter recebido milhares de dólares da Coreia do Sul por seu trabalho. O prisioneiro afirmou que queria ir para a Coreia do Norte para estabelecer uma série de igrejas clandestinas para difundir o cristianismo. “Eu pensava em transformar a Coreia do Norte em um país religioso e destruir o atual governo e sistema político”, disse Kim. “Eu recebi dinheiro dos serviços de inteligência (sul-coreanos), segui as suas instruções e arrumei norte-coreanos para agir como espiões. Também criei uma igreja clandestina na China, em Dandong, convenci os frequentadores a falar e escrever para que eu coletasse informações sobre a realidade da vida na Coreia do Norte e reportei isso para os serviços de inteligência.”
A Coreia do Sul emitiu hoje uma declaração exortando a Coreia do Norte a libertar Kim rapidamente. “É difícil entender o enquadramento de um dos nossos cidadãos que se engajou em atividades puramente religiosas como um criminoso anti-Estado”, disse o porta-voz do Ministério da Unificação, Kim Eui-do, em entrevista coletiva. Embora a Constituição da Coreia do Norte garanta a liberdade de religião, na prática apenas cultos sancionados são tolerados pelo governo. Fonte: Associated Press.