Crise economica

Ministros rejeitam referendo e causam divisão na Grécia

A convocação de um referendo sobre o acordo fechado pela Grécia com a União Europeia (UE), cujo resultado pode indicar a permanência do país na zona do euro, provocou um divisão no governo grego. Após defender hoje (3) a decisão no Parlamento, o primeiro-ministro George Papandreou foi contestado por seu ministro das Finanças, Evangelos Venizelos.

Venizelos disse que o referendo deve ser interrompido. Disse ainda que a Grécia precisa fazer tudo o que puder para assegurar a seus parceiros europeus que implementará imediatamente o acordo fechado com a União Europeia na última semana.

O acordo prevê fortes ajustes nas contas gregas, assim como a redução de 50% da dívida do país junto a credores privados, fruto de uma longa negociação da União Europeia com os bancos. Em troca, a Grécia receberia 130 bilhões de euros da segunda parcela do pacote de socorro financeiro.

A divisão aumenta os temores de que Papandreou tenha de renunciar, possibilidade levantada mais cedo por lideranças políticas gregas. Apesar disso, o primeiro-ministro reiterou a disposição em permanecer no cargo, alegando que a convocação de eleições neste momento seria uma “catástrofe”, que colocaria a Grécia sob perigo de decretar falência.

Papandreou defendeu, no entanto, que o acordo com a União Europeia seja aprovado pelos cidadãos gregos. O chefe do governo disse que o único jeito de permanecer na zona do euro será aderindo aos termos do acordo. Papandreou disse ainda que crê na “sabedoria e na maturidade do povo grego”.

Mais cedo, Venizelos já havia ressaltado que a participação da Grécia na zona do euro é uma conquista histórica e não pode depender de um referendo. “Se queremos proteger o país precisamos, com unidade nacional e seriedade política, implementar sem demora as decisões tomadas no dia 28 de outubro [quando foi acertado o perdão de metade da dívida grega]”, afirmou o ministro das Finanças, em comunicado.

O ministro do Desenvolvimento, Michalis Chryssohoidis, que também se rebelou contra o governo, disse que a prioridade do país deve ser supervisionar a ratificação pelo Parlamento do acordo de ajuda fechado com a União Europeia (UE). Diversos deputados do partido do governo, o socialista Pasok, pediram que a decisão sobre aceitar ou não os termos de ajuda seja do Parlamento.

Exercendo pressão sobre o governo grego, a Comissão Europeia disse nesta quinta-feira que os tratados da União Europeia “não preveem a saída da zona do euro sem sair da UE”. Nessa quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, decidiram interromper a ajuda financeira à Grécia até o resultado do referendo.

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