Ministros do partido de Sharif deixam cargo no Paquistão

Ministros do partido do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif entregaram nesta terça-feira (13) os cargos que ocupavam no governo do Paquistão. Com isso, a frágil coalizão que chegou ao poder apenas um mês e meio atrás ficou abalada. Sharif anunciou ontem que estava retirando os ministros de cena. O motivo é o fracasso do governo para levar de volta aos cargos juízes afastados pelo rival e presidente, Pervez Musharraf. Mas o gabinete do primeiro-ministro Yousaf Raza Gillani disse que não aceitou imediatamente as nove demissões. A decisão sobre o tema deveria ocorrer após a volta ao país do líder do partido de Gillani, Asif Ali Zardari, esperada ainda para hoje.

A retirada dos ministros do partido de Sharif aumenta temores sobre um possível colapso do governo paquistanês. O país enfrenta também problemas econômicos, enquanto tenta manter um frágil cessar-fogo com militantes islâmicos na região da fronteira com o Afeganistão. Sharif e seu partido se manteriam na coalizão que governa o país, liderada pelo Partido do Povo do Paquistão, de Zardari. Ele é o viúvo da ex-primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto.

A sigla de Zardari manifestou "respeito" pela decisão e disse que os dois grupos permanecem aliados. Mas o porta-voz de Sharif subiu o tom hoje, acusando membros do partido de Zardari de "servirem aos interesses" de Musharraf ao bloquear o retorno dos magistrados. O presidente impôs um estado de emergência e afastou membros da Suprema Corte do país em novembro último.

A coalizão oposicionista venceu as eleições parlamentares de fevereiro, mas não chegou a um acordo sobre como realizar a volta dos juízes aos cargos. Para Sharif, uma resolução parlamentar e uma simples ordem do governo seriam o suficiente. Mas o partido de Zardari argumenta que a lei precisa ser mudada primeiro, para acomodar os juízes instalados por Musharraf após o expurgo. Essa sigla também quer aprovar um pacote de reformas judiciais para prevenir os juízes de se envolverem com política. Uma divisão permanente na coalizão fortaleceria Musharraf, ex-comandante do Exército que mantém uma atitude cautelosa desde a posse do novo governo, no fim de março.

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