Ministros de Finanças de diversos países da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa concordaram em trabalhar em conjunto para localizar e confiscar produtos de corrupção de membros do governo da Venezuela, disseram dois funcionários do Departamento do Tesouro dos EUA nesta quinta-feira.
A decisão foi tomada durante reunião em Washington no início do dia, onde autoridades financeiras de 16 países também discutiram maneiras de fornecer assistência econômica e humanitária à Venezuela, incluindo o alívio da dívida, caso o presidente Nicolás Maduro seja substituído por um governo considerado legítimo e comprometido com a reforma econômica. Autoridades da França, Reino Unido, Alemanha, Japão e de todas as principais nações latino-americanas, incluindo o Brasil, participaram da reunião, que ocorreu ao mesmo tempo que o encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI prevê que a economia venezuelana irá encolher 15% neste ano, prolongando pelo quinto ano consecutivo uma recessão que já superou em tamanho a crise de 1929 dos EUA. A inflação neste ano deve subir para quase 14.000%. “Ações concretas são necessárias para restringir a capacidade de autoridades corruptas venezuelanas e suas redes de apoio de abusarem do sistema financeiro internacional”, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em um comunicado após a reunião. No entanto, ele não deu detalhes sobre as ações acordadas.
Os dois funcionários do Tesouro americano disseram que uma apresentação conjunta da Colômbia e dos EUA descreveu como as principais autoridades venezuelanas, operando por meio de empresas de fachada, absorveram até 70% do financiamento para o programa de Maduro que alivia a fome com o uso de contratos sem licitação, sobrefaturamento e com revenda no mercado negro de caixas de alimentos montadas no México. Uma parte da apresentação mapeou detalhadamente uma rede de Hong Kong e envolveu 30 companhias de fachada espalhadas por quatro continentes, disseram as autoridades.
Maduro rejeitou consistentemente as ofertas de assistência humanitária dos EUA, considerando-as uma tentativa velada de desestabilizar seu governo. Ele também culpa as sanções financeiras impostas pelo governo de Donald Trump para forçar sua administração a atrasar o pagamento de seus títulos e a exacerbar os problemas econômicos.
De acordo com as autoridades do Tesouro dos EUA, o objetivo do rastreamento de corrupção da Venezuela é aproveitar e, eventualmente, devolver o dinheiro roubado ao povo venezuelano em um cenário pós-Maduro. Eles disseram que os participantes também concordaram em evitar que o governo da Venezuela liquide os preços valiosos de ativos no exterior, como refinarias de petróleo e a companhia Citgo, em Houston, em busca de dinheiro, o que prolongaria o poder do governo.
Maduro busca ser reeleito no mês que vem, em uma votação boicotada pela oposição e que os EUA e a União Europeia condenaram como uma farsa porque diversos críticos do governo foram proibidos de concorrer. À medida que a economia da Venezuela continua a sofrer, o governo e a gigante petrolífera estatal PdVSA deixaram de pagar suas dívidas. Qualquer programa de resgate ao país rico em petróleo exigiria apoio internacional de longo prazo e envolveria um considerável alívio da dívida, disseram as duas autoridades americanas.
Em contraste, eles afirmaram que tanto os credores privados quanto os credores públicos que continuam emprestando a Maduro correm o risco de ter seus empréstimos desqualificados devido à falta de aprovação da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, que os EUA e outros países consideram a última instituição democrática em solo venezuelano.
“Olhando adiante, os participantes reconheceram que um governo na Venezuela que garanta o apoio da região, e esteja preparado para promulgar políticas econômicas a fim de recuperar a prosperidade do país para seu povo, receberia o apoio da comunidade financeira internacional”, pontuou o comunicado de Mnuchin. Fonte: Associated Press.