Ministro uruguaio critica impostos argentinos às exportações

O ministro uruguaio da Pecuária, Agricultura e Pesca, Ernesto Agazzi, disse nesta sexta-feira (28) que a política cambial e os impostos que a Argentina aplica às exportações de grãos e carne, motivo de um protesto de fazendeiros que chega hoje ao 16º dia, prejudicam os industriais locais e deveriam ser analisados no âmbito do Mercosul.

"Esse mecanismo de fixar o dólar da maneira que faz o governo argentino nos prejudica, assim como fazer as retenções da forma como estão fazendo", disse Agazzi, que considerou que o tema deve ser discutido entre os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). "Se temos um Mercosul, se temos a intenção de ter políticas macroeconômicas comuns, de favorecer o intercâmbio entre nossos países", os impostos na Argentina "deverão estar na agenda e na discussão" do bloco, afirmou Agazzi em declarações via rádio.

As medidas "nos tiram da competitividade industrial", disse o ministro, que comentou ter recebido projetos de outros produtores, de farinha e óleos, já que "na Argentina as retenções são altas para exportações de grãos, mas baixas para suas exportações industriais".

Também o diretor da Assessoria Comercial do Ministério da Economia, Álvaro Ons, disse ser contra as retenções dispostas pelo governo de Cristina Fernández de Kirchner. "Fragilizam a institucionalidade do Mercosul e contribuem à incerteza jurídica", opinou aos meios locais.

Ons recordou que o Tratado de Assunção (constitutivo do Mercosul) "prevê a eliminação das restrições alfandegárias". Acrescentou que os impostos na Argentina "dificultam a nossa indústria de abastecimento de algumas matérias-primas", das quais esse país é tradicional fornecedor.

O conflito na Argentina não provocou o desabastecimento de produtos no Uruguai, mas alguns supermercados já advertem que nos próximos dias poderão faltar produtos lácteos e óleos.

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