Ministro italiano defende decisão de tirar digitais de ciganos

O ministro do Interior da Itália, Roberto Maroni, afirmou que o governo vai levar adiante a decisão controvertida de tirar as impressões digitais de todos os ciganos residentes no país. A proposta, que integra a campanha do governo conservador do primeiro-ministro Silvio Berlusconi contra a criminalidade, enfrenta fortes críticas de defensores dos direitos humanos e de movimentos contra o racismo.

"Vamos adiante com o censo e com todas as outras medidas", disse Maroni; segundo ele, o plano é "tirar as impressões digitais de todos os ciganos, inclusive as crianças, para coibir fenômenos como a mendicância". "Fui eleito para resolver o problema da segurança e vou fazer isso sem ser atrapalhado por controvérsias sem base. Preciso ser capaz de saber quem está na Itália, onde eles vivem, o que eles fazem e o que farão nos próximos meses", disse Maroni, um dos líderes da ultraconservadora Liga Norte.

"É um ato de racismo", reagiu o líder da oposição centrista ao governo Berlusconi, Pier Ferdinando Casini.

Nos últimos dias os campos em que ciganos vivem nos arredores de Nápoles tiveram que ser esvaziados, depois de sofrerem ataques nos quais várias barracas foram incendiadas. Os ataques aconteceram depois de informes não-confirmados de que uma mulher cigana teria tentado seqüestrar um bebê.

"Não podemos tratar vítimas como criminosos", disse o presidente da seção italiana do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Vicenzo Spadafora.

Já o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, traçou um paralelo entre o plano do governo Berlusconi e as práticas dos regimes fascista e nazista. "Essa proposta convida a analogias históricas tão óbvias que não precisam nem mesmo ser explicitadas. Embora eu acredite que a democracia italiana e suas instituições são suficientemente maduras para prevenir que idéias como essa se tornem leis, estou preocupado que um alto integrante do governo de um dos países que integram o Conselho da Europa tenha feito uma proposta como essa", disse Davis.

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