Um dia depois de ter anunciado que Israel analisava a possibilidade de construir mais 10 mil casas para judeus em Jerusalém Oriental, setor tradicionalmente árabe da cidade sagrada, o ministro israelense de Habitação, Zeev Boim, voltou atrás nesta quinta-feira (20). Boim assegurou que nunca teve a intenção de promover um amplo plano de construção em Jerusalém Oriental que provocou revolta entre dirigentes palestinos e que foi recebido friamente pelo primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert.
Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam Jerusalém como capital. A cidade – sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos – foi capturada por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
Anos mais tarde, o governo israelense anexou a cidade e a declarou sua capital "eterna e indivisível". As iniciativas israelenses, no entanto, são rechaçadas pela comunidade internacional, que defende uma solução negociada.
Os palestinos reivindicam o setor árabe da cidade, conhecido como Jerusalém Oriental, como capital de seu futuro Estado independente e soberano. Ontem, representantes palestinos qualificaram a iniciativa anunciada por Boim como uma ameaça à sobrevivência do processo de paz retomado recentemente.
Ao anunciar o plano, Boim disse que o Ministério de Habitação havia conduzido uma "análise preliminar" para a construção de novas casas para judeus em Atarot, perto do bairro palestino de Qalandia.
A análise, de acordo com ele, foi feita porque estaria ocorrendo um inchaço nos bairros judeus em Jerusalém Ocidental. "O Ministério da Habitação precisa apresentar uma solução para a escassez de moradia em Jerusalém", justificou Boim ontem.
Hoje, o ministro alegou ter sido contra a idéia da construção de um bairro judeu em Jerusalém Oriental logo que o plano lhe foi apresentado, algo que ele não disse ontem quando anunciou o plano aos jornalistas. "O assunto da possível implementação (do plano) me foi apresentado, mas sugeri que o deixássemos de lado" disse Boim hoje à Rádio Israel.