A economia da Grécia, que se encontra no sexto ano de recessão, está começando a virar o jogo, e os esforços do país em reparar as finanças públicas podem permitir o retorno aos mercados financeiros no início do próximo ano, disse o ministro das Finanças do país, Yannis Stournaras.
Em entrevistas concedidas para edições de fim de semana de jornais, Stournaras disse que a Grécia já venceu dois terços das medidas de reforma necessárias para reduzir lacunas crônicas no orçamento do governo. Até o final deste ano, Atenas poderá alcançar um superávit primário pela primeira vez desde o início da crise e um ano antes do previsto.
Segundo o ministro, se tudo correr conforme o planejado, a Grécia deve estar em posição de tomar crédito novamente em mercados internacionais de dívida em maio de 2014, reduzindo a dependência do país da ajuda de 173 bilhões de euros da troica de credores oficiais formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
“Se a Grécia será capaz de dar o primeiro passo da independência da troica, vai depender de tudo o que tem que acontecer até lá”, disse Stournaras ao jornal grego To Vima. “Em maio de 2014, as parcelas do empréstimo chegarão ao fim, e o país tem que estar em uma posição em que possa ir por conta própria aos mercados.”
Os comentários de Stournaras vêm apenas alguns dias após o Parlamento da Grécia aprovar o mais recente conjunto de medidas de austeridade exigido pela troica em troca de duas parcelas de auxílio sucessivas, totalizando 8,8 bilhões de euros. A primeira parcela já foi aprovada, enquanto a segunda deve receber a luz verde dos ministros das Finanças da zona do euro em meados de maio.
Ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine, Stournaras disse: “O pior já passou”, acrescentando que a economia da Grécia está mostrando sinais de saída do fundo do poço. “Por exemplo, o banco central da Grécia me diz que a produção industrial está se estabilizando”, assinalou o ministro. “A produção não está caindo mais e parece ter atingido o piso”.
Desde a primeira entrada em recessão em 2008, a economia da Grécia se contraiu em mais de 20% ante o seu pico, com sucessivas medidas de austeridade que aprofundaram a crise do país. Na sexta-feira, a Comissão Europeia previu que a economia da Grécia vai se contrair em 4,2% este ano, antes de crescer marginalmente em 2014 novamente.
Na entrevista para o jornal alemão, Stournaras também reiterou a necessidade de a zona do euro resolver os desequilíbrios criados pelo euro entre os países ricos do norte e o sul mais pobre, afirmando que o norte da Europa deve reciclar algumas das suas riquezas. “Precisamos encontrar uma maneira de fazer com que países que se beneficiam dos efeitos da crise da zona do euro possam compartilhar os lucros com as outras nações”, apontou o ministro. Segundo ele, a Alemanha e outros países com classificação de risco de crédito triplo A se beneficiaram da crise. “Meu amigo e colega (o ministro alemão das Finanças), Wolfgang Schaeuble, não compartilha a minha opinião sobre isso, mas temos que lembrar (….) que, em um sistema de taxas de câmbio fixas o resultado de deflação ou austeridade é sempre uma recessão em todos os países “, ressaltou Stournaras.
Um porta-voz do ministério das Finanças alemão não comentou imediatamente as observações de Stournaras no sábado. As informações são da Dow Jones.