O ex-ministro-chefe da casa Civil José Dirceu afirmou nesta terça-feira (19) em seu blog que leu emocionado nesta manhã a notícia de que Fidel Castro renunciara ao cargo de presidente do Conselho de Estado e comandante-em-chefe de Cuba. "Minha gratidão a Fidel e ao povo de Cuba não tem limites. A solidariedade e apoio que nos deram nos mais difíceis momentos de nossas vidas, quando até mantermos a vida era um riscos são inesquecíveis", escreveu Dirceu.
Dirceu lembrou que ao ler a mensagem publicada pelo jornal oficial do Partido Comunista Cubano, o Granma, sentiu a mesma emoção de quando conheceu o líder comunista, em 1969, ao desembarcar em Havana com um grupo de presos políticos trocados pelo embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick. "Eu tinha 23 anos, ele (Fidel), 43 e a Revolução Cubana 10", rememorou Dirceu. "Foi a primeira vez que o vi e nunca mais aquelas imagens se apagaram da minha mente".
O ex-ministro afirmou que Fidel, seu povo e Cuba "resistiram 50 anos ao bloqueio criminoso e inumano dos Estados Unidos" e que "não só sobreviveram, com dignidade e condições sociais invejáveis, como prestaram solidariedade às lutas de libertação nacional e contra a opressão em todo o mundo, principalmente na América Latina e na África".
Vitória
José Dirceu disse ainda em seu site que partilhou com os cubanos seus sonhos, vitórias e derrotas. "Vi o povo todo chorar o fracasso da safra dos 10 milhões e as crises enfrentadas pelo país". Para o ex-ministro, apesar do fim da União Soviética, "Cuba sobreviveu com índices sociais de país desenvolvido e resistiu soberana às investidas para subjugá-la e torná-la de novo uma colônia do império".
Ele reconheceu que o governo cubano "não é um modelo ou a perfeição do socialismo, mas é um símbolo emblemático a representar a dignidade, a defesa, a independência e a soberania que um povo pode conquistar".
Dirceu concluiu sua nota afirmando que nada da história recente das lutas e do povo da América Latina poderá ser escrito sem Fidel. "Ele encarnou o espírito mambi, rebelde e irredento do povo Cubano e o dos povos da toda a América Latina em sua luta antiimperialista". Segundo o ex-ministro, Fidel, que sempre foi "revolucionário, fiel às suas idéias, coerente e aberto ao debate e a luta de idéias", "deixa agora a linha de frente do comando do seu país para continuar como simples companheiro".