Peregrinos de todo o mundo e católicos palestinos celebram o Natal em Belém, que desde as primeiras horas do dia recebe uma multidão que deseja orar, ir aos santuários e ter uma vivência única onde nasceu o cristianismo.
Muitos dos visitantes assistiram ontem à noite à Missa do Galo oficiada pelo patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, na Igreja de Santa Catarina, contígua à Basílica da Natividade, que como em anos anteriores esteve lotada de fiéis.
Belém foi o ponto de peregrinação de milhares de grupos locais e estrangeiros que vão à gruta onde uma estrela de 14 pontas em prata marca o lugar onde a tradição situa o nascimento de Jesus.
As celebrações deste ano têm um tom especial para muitos palestinos, pois são as primeiras desde que seu status na comunidade de nações ascendeu significativamente. No mês passado, a Assembleia Geral da ONU elevou em uma votação o nível da representação palestina ao de Estado observador não membro da organização, uma conquista diplomática em meio à estagnação no processo de paz entre israelenses e palestinos.
Em sua homilia, Twal afirmou esperar que essa decisão seja um “passo rumo à paz e à segurança de todos”, porque “só a justiça e a paz na Terra Santa poderão levar ao restabelecimento de um equilíbrio regional e mundial”.
Além desse reconhecimento, neste ano também houve a inclusão da Basílica da Natividade de Belém e da Rota da Peregrinação na mesma na lista da Unesco de Patrimônios Mundiais em Risco.
Essa rota, por sinal, foi percorrida ontem pelo patriarca latino de Jerusalém para entrar na cidade de Belém em sua tradicional peregrinação natalina. A cerimônia contou com a presença do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, como convidado de honra.
Durante a jornada, a tônica foi marcada pelas preces, cultos e visitas a altares como o que lembra o presépio, o massacre dos inocentes ou o que foi erguido em homenagem a São Jerônimo, todos eles em passadiços subterrâneos sob a Basílica da Natividade.
Os festejos também ocorrem em Nazaré, no norte de Israel, e em Jerusalém, onde o Natal representa o momento de destaque da peregrinação à Terra Santa.
“Gaza e o sul de Israel saíram de uma guerra cujas consequências ainda são visíveis no próprio local e nos ânimos”, declarou o patriarca em uma missa na qual afirmou que a oração dele e dos fiéis “abraça todas as famílias, árabes e judias, atingidas pelo conflito”. “Que o Senhor lhes dê paciência, conforto e consolo, e que a sociedade lhes dê assistência e apoio”, desejou.
Apesar do temor de que a última ofensiva israelense na Faixa de Gaza, em novembro, diminuísse o número de turistas, estes foram em massa a Belém, que segundo a ministra palestina de Turismo, Roula Maayah, receberá 15 mil visitantes durante o período natalino.
Entre eles estão alguns dos cerca de 500 cristãos de Gaza que receberam uma permissão especial expedida pelas autoridades militares israelenses para poder sair da faixa.
A temporada se prolongará até o próximo mês, pois os cristãos ortodoxos comemoram o Natal em Epifania, no dia 7 de janeiro, e no dia 18 o farão os armênios.
Por ocasião das festividades natalinas, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) divulgou um vídeo intitulado “A justiça é possível e a esperança está justificada”, com o qual tenta expressar que, apesar das dificuldades sofridas pelos palestinos pela ocupação israelense, há margem para ânimo.
Da mesma forma que em anos anteriores, o filme mostra a paisagem característica de Belém na atualidade, cercada pelos blocos de concreto do muro de separação israelense, cercas e torres militares, que contrastam com as luzes e enfeites característicos destas datas.