As dificuldades enfrentadas pelos migrantes rurais nas cidades quase sempre os obrigam a manter toda ou parte da família no campo, o que deu origem a outro grupo social: as crianças "deixadas para trás". Estudo da Federação das Mulheres de Toda a China, ligada ao governo, estima que 58 milhões de crianças camponesas com menos de 17 anos estão longe de um ou de ambos os pais, mais que o dobro das 20 milhões que estavam na mesma situação no ano 2000.
O governo estima que outras 20 milhões de crianças e adolescentes vivem com os pais nas cidades. Sem registro de residência, elas enfrentam dificuldades para ter acesso à educação, saúde e sistema de seguridade social. Diante das restrições impostas às crianças migrantes no sistema público de ensino, surgiram escolas específicas para o grupo, que funcionam de forma precária e nem sempre são reconhecidas pelo governo. Em Pequim, há 250 instituições do tipo. Mas depois que as crianças terminam o ensino fundamental, têm de voltar às suas vilas de origem, porque é difícil encontrar escolas de segundo grau que as aceitem em Pequim.
Jian Yongping, da Federação das Mulheres de Toda a China, diz que a ausência de um ou de ambos os pais tem diferentes impactos sobre os filhos, segundo a faixa etária. "O relatório constatou que as crianças tinham grande necessidade de cuidados de saúde, desenvolvimento emocional e social e educação regular pré-escolar", disse ao Estado. No caso dos adolescentes, cresce o percentual dos que abandonam os estudos e obtêm empregos de baixa remuneração e sem proteção social – exatamente como seus pais.