Micheletti: tentativa de retirar Zelaya foi ‘enganosa’

O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, qualificou como “enganosa” a frustrada tentativa de retirar o presidente deposto Manuel Zelaya do país e levá-lo ao México. Em discurso realizado ontem, Micheletti disse que “nos trataram de enganar, com mentiras quiseram surpreender uma vez mais Honduras”. O líder se referia à frustrada tentativa de retirar Zelaya de seu confinamento na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Micheletti disse que “houve um conflito” nessa tentativa. Para o governo de facto, a saída de Zelaya deve ocorrer sob a condição de que ele parta como asilado político.

O ministro da Informação, René Zepeda, disse que “se esses países desejam tirar Zelaya de Honduras, o farão como manda a lei: asilando ele em seu território, mas sem nenhum título estrondoso”. “E assim, nosso governo aceitará que o levem de imediato, sem problemas de nenhuma natureza”, afirmou. Zepeda se referiu ao fato de a diplomacia mexicana ter usado o termo “presidente” no pedido de salvo-conduto para que Zelaya deixasse o país.

A chancelaria do governo de facto pediu que o Brasil “defina o status jurídico em que se encontra Zelaya em sua sede diplomática em Tegucigalpa”. O líder deposto voltou em segredo ao país e desde 21 de setembro está abrigado na embaixada do Brasil. Um avião oficial mexicano foi enviado para levar Zelaya do país, confirmou a ministra das Relações Exteriores do México, Patricia Espinosa. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, demonstrou ontem sua frustração pela impossibilidade de que Zelaya partisse para o México.

O ministro da Casa Civil do governo de facto, Oscar Matute, disse que na petição da embaixada do México é usado o termo “presidente de Honduras” para se referir a Zelaya, “o que não se ajusta à realidade”. Zelaya foi deposto em 28 de junho, quando militares o retiraram do país com o aval do Congresso e da Suprema Corte. Em 2 de dezembro, o Legislativo rechaçou sua volta ao poder, sob o argumento de que há acusações judiciais contra ele.

Porfirio Lobo

O líder deposto afirmou que o governo de facto exigia que ele renunciasse ao posto de presidente para deixar Honduras. Zelaya disse que desejava viajar ao México e depois à República Dominicana, onde se reuniria com o presidente hondurenho eleito, Porfirio Lobo, para buscar uma “saída pacífica para a situação democrática do país”. Posteriormente, ele participaria de uma reunião da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) em Havana.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna