Roberto Micheletti, presidente de facto de Honduras, deu sinais de que não cederá às pressões dos EUA e de outros governos para uma solução negociada à crise no país. “Vamos esperar pelo bem de dona Hillary (Clinton) e do senhor (Oscar) Arias, depois do prazer que tiveram com a chegada de Zelaya aqui, que não haja consequências a lamentar”, disse. “Eu não vou frustrar o povo hondurenho que não quer nada com Zelaya e com a intervenção e a imposição de outros países.”
Ele pediu ontem que o Brasil entregue o presidente deposto Manuel Zelaya, que está na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Micheletti fez duras críticas à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e ao presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que podem dar margem a temores de que o Exército possa ser ordenado a atacar a embaixada brasileira na capital de Honduras.
Em Nova York, Hillary Clinton pediu calma e classificou a volta de Zelaya a Honduras como uma oportunidade para encerrar quase três meses de impasse político. Antes da sessão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, Hillary se reuniu com o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que tentou intermediar a negociação entre Zelaya e o governo interino de Honduras em julho. “Agora que Zelaya voltou seria oportuno recolocá-lo em sua posição sob as circunstâncias adequadas, seguir com a eleição que está marcada para novembro, ter uma transição pacífica da autoridade presidencial e levar Honduras de volta à ordem constitucional e democrática”, disse Hillary.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), associação pan-americana que suspendeu Honduras depois do golpe, pediu que os líderes interinos garantam a segurança de Zelaya durante uma sessão de emergência. “Eles têm de ser responsáveis pela segurança do presidente Zelaya e da embaixada brasileira”, disse o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, em comunicado. Insulza disse que está pronto para viajar a Honduras assim que possível, provavelmente hoje.
A presidência da UE pediu um acordo negociado e exortou todas as partes a evitarem a violência. Horas depois das declarações de Hillary, soldados com máscaras usaram gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 4 mil partidários de Zelaya antes de cercarem o complexo da embaixada nesta manhã. Segundo o canal Todo Notícias (TN), da televisão argentina, duas pessoas teriam morrido nos conflitos com militares e policiais em frente à embaixada brasileira. As informações são da Dow Jones.