O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, qualificou hoje como “errática” a política externa dos Estados Unidos, que pressionam por sua demissão. “Os Estados Unidos me pressionam para que eu vá. E não mudarei de ideia só porque vem alguém aqui para me pressionar”. Micheletti reiterou que entregará o poder em 27 de janeiro ao presidente eleito, Porfirio Lobo.

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“Estou surpreso de ver como os ‘gringos’ querem legislar em Honduras, porque o Congresso me elegeu para terminar o período de seis meses (que faltava para o governo do presidente deposto, Manuel Zelaya)”, afirmou. “Sinto uma enorme admiração pelo povo norte-americano, mas a atuação internacional desse país é errática.”

Micheletti disse que “não se pode resolver um problema criando outro”. “Se eu me retiro, o Congresso deverá nomear outro presidente, o que seria inconstitucional”, afirmou, em entrevista ao canal 5 de televisão.

Enviado dos EUA

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O subsecretário de Estado norte-americano para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Craig Kelly, chegou ontem a Tegucigalpa, com o fim de verificar o cumprimento dos acordos firmados para se solucionar a crise política em Honduras. O então presidente Zelaya foi derrubado em um golpe militar, em junho de 2009, e desde então o país passa por uma crise política.

Um porta-voz do Departamento de Estado explicou em entrevista coletiva, em Washington, que o objetivo da visita é ver “como ajudamos Honduras a superar e encerrar a tensão. A pergunta principal é se esse governo (eleito) pode começar um processo de cura”, afirmou.

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O porta-voz disse ainda que os EUA esperam “ver uma verdadeira restauração dos valores constitucionais e democráticos” em Honduras. A embaixada norte-americana informou que Kelly deve permanecer até hoje no país.

Ontem, ele se reuniu com o presidente deposto e com Porfirio Lobo, líder do opositor Partido Nacional e vencedor das eleições presidenciais de 29 de novembro. Hoje, ele deve se encontrar com Micheletti.

Zelaya declarou à Rádio Globo, uma emissora local, que os EUA estão “interessados em que Micheletti saia do posto o mais rápido possível”. Além disso, segundo ele, “Washington reconhece que eu sou o presidente de Honduras”.