O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que armas encontradas ontem pela polícia seriam usadas para um atentado contra ele durante as eleições de domingo. “Hoje a polícia me informou que ia haver um atentado contra mim na cidade de Progreso, quando eu fosse votar”, afirmou Micheletti, em entrevista coletiva realizada ontem. Micheletti deixará temporariamente o cargo hoje, até o dia 2 de dezembro, quando o Congresso se reunirá para decidir sobre a volta ou não do presidente deposto, Manuel Zelaya.
O presidente de fato afirmou que vai deixar o poder para que os hondurenhos “enfoquem as eleições”. Ele pretende viajar para votar em sua cidade natal, Progreso, a 200 quilômetros ao norte da capital Tegucigalpa. No município, o arsenal foi encontrado em uma moradia no populoso bairro La Sirena. Havia fuzis com mira telescópica, balas de fuzis automáticos AK-47 e aparelhos para comunicação.
A polícia prendeu dois nicaraguenses e dois hondurenhos por esconderem armas em uma casa na costa atlântica de Honduras. Porém, um porta-voz policial não quis confirmar se havia um plano para matar Micheletti. “Suspeitamos que essa gente participou em recentes atentados com explosivos no país”, disse o porta-voz policial Orlin Cerrato. “Não há dúvida de que as intenções dessas pessoas era gerar o caos e o temor entre os hondurenhos para prejudicar o processo eleitoral.”
Na manhã de ontem, o Tribunal Supremo Eleitoral apresentou um sistema de câmeras com as quais serão transmitidas imagens dos centros de votação pela internet. “No mundo inteiro poderão ver. Se não querem ou não podem vir observar o processo, colocamos à disposição (as imagens) para que não haja nenhuma dúvida”, afirmou o magistrado Enrique Ortez.
OEA
Após o golpe de Estado que derrubou Zelaya em 28 de junho, a Organização dos Estados Americanos (OEA) suspendeu Honduras da entidade. A OEA, junto com a União Europeia (UE) e organizações como o Centro Carter, tradicionalmente enviam missões de observação eleitoral para a região. Por causa do golpe, vários países, entre eles o Brasil, prometem não reconhecer os resultados da eleição nem enviarão missões de observação.
O vice-presidente e ministro das Relações Exteriores do Panamá, Juan Carlos Varela, disse ontem em Tegucigalpa que seu país reconhecerá os resultados e que as eleições serão uma forma de Honduras sair da crise e voltar à “ordem democrática”. Já os simpatizantes de Zelaya denunciaram que a repressão e a vigilância aumentaram. Segundo eles, não é possível haver um processo eleitoral justo nessas condições.
Zelaya também afirma que as eleições não podem ser reconhecidas, pois são organizadas por um governo golpista. Houve pelo menos 20 atentados contra centros comerciais, escritórios públicos e sedes de partidos políticos nos últimos dois meses em Honduras. Até agora, foram presos seis suspeitos.