Mianmar realizou neste domingo sua primeira eleição legislativa em 20 anos, sem esperança de reformas democráticas diante de um sistema eleitoral desenhado para garantir que a maior parte do poder continue nas mãos da junta militar que governa o país. Embora não esteja claro quando os resultados serão anunciados – as autoridades têm dito que diriam apenas quando fosse o momento – não há dúvida de que o partido União Solidária e Desenvolvimento, apoiado pelos militares, irá sair do pleito com uma enorme parcela do Parlamento, apesar da ampla oposição popular aos 48 anos de regime militar no país.

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Muitos eleitores disseram que votariam contra os políticos da junta militar para manifestar seu desejo de mudar o regime. Mas o voto contra não fará diferença. O partido aliado dos militares, que é presidido por um general aposentado e financiado pelo governo, tem 1.112 candidatos para 1.159 cadeiras das duas casas do Parlamento e 14 parlamentos regionais. O maior partido de oposição, a Liga Nacional pela Democracia, concorreu com apenas 164 candidatos. Além disso, a Constituição reserva 25 cadeiras parlamentares para indicados pelos militares.

As leis eleitorais foram claramente escritas para beneficiar a União Solidária e Desenvolvimento, mantendo centenas de potenciais candidatos da oposição, incluindo Aung San Suu Kyi, líder da Liga Nacional pela Democracia e vencedora do prêmio Nobel, presos ou em confinamento em suas casas. Outros candidatos não puderem levantar os US$ 500,00 exigidos de registro para concorrer às eleições.

O presidente norte-americano, Barack Obama, em visita a Índia, disse que as eleições em Mianmar não são “nem livres, nem justas”. “Mesmo que não possamos impor qualquer sistema de governo a outros países, devemos sempre falar a eles sobre direitos humanos, que são universais, e sobre o direito das pessoas em qualquer lugar de tomar uma decisão sobre como determinar o futuro”, disse o presidente norte-americano.

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No Reino Unido, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, disse que as primeiras eleições de Mianmar em 20 anos são “falhas” e que não representam um progresso para a nação governada por uma junta militar. “Sabemos que o resultado das eleições já está previsto. As eleições não são livres, justas ou inclusivas”, disse Hague em nota. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.