Em três anos de combate intenso ao narcotráfico, o México começou 2010 com um elevado número de mortes. No sábado, as autoridades registraram 69 assassinatos no país.
Mais de 6.500 homicídios relacionados ao narcotráfico tornaram 2009 o ano mais sangrento no México, desde que o presidente Felipe Calderón declarou guerra aos cartéis de drogas no final de 2006 e enviou 45.000 soldados para combater o crime organizado. O número de mortos foi totalizado pelo Instituto Fronteiriço, com sede em San Diego, na Califórnia (EUA).
No primeiro mês de 2010, os chefões da droga aumentaram as ações para intimidar os inimigos. Na semana passada, o rosto de uma vítima foi esfolado e cozido.
Na segunda-feira, as autoridades da cidade de Culiacán identificaram os restos de um ex-policial de 41 anos, que estavam em dois baldes para guardar pedras de gelo.
“Você se pergunta como tudo isso vai acabar e é impossível. Cada vez que matam um chefe, aparece outro que o substitui”, disse o arquiteto Daniel Vega, de 63 anos, da cidade nortista de Monterrey. “Não acredito que o México conseguirá acabar com o uso da droga e com a demanda e todo o dinheiro e as armas que veem dos Estados Unidos”.
Através dos dados do chamado “narcobarômetro”, os investigadores do Instituto Fronteiriço analisam o perfil dos homicídios cometidos no México, com esperanças de encontrar caminhos para conter a violência. O estudo contabilizou 20.000 assassinatos desde 2001, dos quais mais da metade ocorreram nos últimos dois anos. “Parece que a violência aumentou exponencialmente e não se vê que a partir de agora a tendência seja de começar a cair”, lamentou o diretor do instituto, David Shirk.
Ele lembra que a repressão do governo mexicano atingiu sete dos oito grandes cartéis da droga no país. Uma das ações mais espetaculares foi um ataque da marinha mexicana em dezembro, no qual foi morto o chefão Arturo Beltrán Leyva.