O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, usou seu primeiro discurso sobre o Estado da União nesta segunda-feira para reforçar uma agenda agressiva de reformas que, na semana passada, parecia improvável devido aos protestos de professores que paralisaram grande parte da Cidade do México na tentativa de bloquear partes de sua agenda.
Peña Nieto abriu seu discurso elogiando a aprovação pelo Congresso do México de um projeto que determina avaliações e demissões de professores ruins mantidos em classe. A lei de educação ainda precisa ser aprovada pelo Senado, e os professores que bloquearam a principal avenida da capital e o acesso ao aeroporto na semana passada continuam ocupando a principal praza da Cidade do México.
“A resistência é uma consequência natural quando você está estimulando uma transformação,” afirmou Peña Nieto aos manifestantes, que também foram responsáveis pela mudança na data e local de seu discurso. “Nosso dilema está em se continuamos estagnados ou se permitimos o Estado recuperar a liderança, transformar e melhorar a qualidade da educação.”
A lei aprovada pelo Congresso com folga é uma versão ligeiramente mais fraca do que a proposta apresentada por Peña Nieto e que tinha por objetivo ajudar o governo a retomar o controle do sistema educacional, onde contratações e promoções estão quase que inteiramente nas mãos dos sindicatos de professores.
Líderes do sindicato conhecido como CNTE pediram uma “insurgência nacional dos professores” e afirmaram que buscarão aliados entre outros grupos que se opõem ao programa de reformas. Nas últimas duas semanas, professores do sindicato tomaram a cidade com marchas e protestos.
“Na quarta-feira vamos declarar uma insurgência dos professores em todo o país”, disse Francisco Bravo, líder do CNTE. Segundo ele, professores de pelo menos 22 dos 31 Estados mexicanos e da capital do país vão participar. “Vamos para a batalha. Isso não acaba aqui”, frisou.
Parlamentares do Partido Revolucionário Institucional (PRI) de Peña Nieto e do Partido de Ação Nacional (PAN) de centro direita votaram a favor do projeto, assim como parlamentares do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD). O texto foi aprovado com 390 votos a favor e 69 contra, além de quatro abstenções. O projeto será encaminhado ao Senado, onde também deverá ser aprovado.