Mês do Ramadã começa com protestos da Síria à Líbia

Da Síria à Líbia e ao Egito, as revoltas e rebeliões através do mundo árabe levaram a um medo generalizado logo no início do Ramadã, mês sagrado no Islã que em 2011 dura de 1º a 29 de agosto. É provável que neste ano o mês seja marcado não apenas pelos jejuns diurnos, como também por mais revoltas. Os preços dos alimentos – parte dos sofrimentos econômicos que levaram à queda dos governantes do Egito e da Tunísia – ainda sobem rapidamente. Manifestantes mostram cada vez menos paciência com gestos conciliadores, após décadas de promessas vazias dos governantes árabes.

Previsões de que o Ramadã será tenso já começaram a se realizar. Os insurgentes líbios começaram a se enfrentar, reduzindo as esperanças ocidentais de que derrubem o governante Muamar Kadafi. O governo sírio escalou a repressão aos opositores no domingo, matando mais de 70 pessoas um dia antes do começo do Ramadã. No Egito, a praça Tahrir no Cairo virou novamente um lugar com manifestantes acampados, descontentes e furiosos com a lenta velocidade das reformas após a queda de Hosni Mubarak em 11 de fevereiro.

Em 2011, o Ramadã caiu no período mais quente do verão no Oriente Médio. Os preços dos alimentos normalmente sobem na época do Ramadã e os extravagantes jantares que marcam o fim do jejum no começo de todas as noites deverão provocar um rombo ainda maior no orçamento das famílias e indivíduos.

“Antes da revolução, os egípcios eram como gravetos esperando pelo fogo”, disse Mahmoud El-Askalany, do grupo egípcio Cidadãos contra o Alto Custo de Vida. “Se alguém acha que isso mudou, está errado. A mesma raiva que vimos pode explodir novamente e ainda pior”.

Em alguns países mais ricos do Golfo Pérsico, as autoridades ordenaram aumentos nos salários e tentam controlar os preços dos alimentos para evitar novas explosões de revolta. No Bahrein, que assistiu a uma sangrenta repressão da minoria sunita contra a maioria xiita no primeiro semestre, o rei Ahmad al-Khalifa ordenou um aumento salarial para funcionários públicos, militares e aposentados. No Catar, o governo reduziu os preços de 267 tipos de alimentos e outras mercadorias.

Mas essas medidas são muito caras em países mais pobres como o Egito e a Síria. No Egito, os preços dos alimentos subiram 19% em junho, sobre o mesmo mês do ano passado, dobrando o núcleo da inflação mensal. Para reduzir as tensões, o governo da junta militar anunciou na semana passada que reduzirá em 50% o preço dos alimentos básicos, consumidos diariamente por dezenas de milhões de egípcios.

As informações são da Associated Press.

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