Mês de maio perde noivas para dezembro

Maio não é mais o mesmo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mês campeão de casamentos é dezembro, época do 13.º salário, das férias e do verão. Mas maio continua tendo seu charme e casar nesse mês é honrar uma tradição de quase 500 anos.

Foi a igreja católica que sacramentou o casamento e transformou maio em mês das noivas. No Concílio de Trento (1545-1563), na Itália, surgiu a regulamentação, até hoje em vigor. Foi aí que o casamento ganhou o status de instituição sagrada. E por influência dos próprios católicos, maio se tornou o mês das noivas por causa das festas de consagração de Maria, mãe de Jesus.

Mas a história dos enlaces matrimoniais é bem mais antiga. O casamento, com contrato, surgiu entre os romanos antigos. Antes disso, os casais se uniam sem grandes formalidades. Roma, com seu sistema de normas e costumes, difundiu a prática social do contrato matrimonial – uma garantia à transmissão dos bens para os descendentes legítimos. Assim, as pessoas se casavam para esposar um dote (meio honroso de enriquecer) e para ter filhos legítimos, com direito ao sobrenome e aos bens.

O conceito de casal, próximo do que temos hoje, surgiu no século XIII, segundo Carlos Roberto Nogueira, professor de História da USP e especialista em Idade Média. Foi quando a sociedade definiu que o homem e a mulher deveriam cooperar e gerir o casamento como se fosse um negócio.

Na Idade Média, a livre escolha do futuro cônjuge deu espaço aos acordos pré-estabelecidos pelos chefes de família. Esses ?negócios? eram selados com um ritual comandado pelo pai da noiva. Ele lia, à beira do leito nupcial, os termos da transferência da tutela da filha para o noivo em troca de uma quantia de dinheiro ou de bens. Depois, o casal ficava nu para que fossem avaliadas suas condições de procriação.

Há quem prefira só juntar as escovas de dentes

Quem prefere morar junto ao invés de formalizar a união tem, na Justiça, os mesmos direitos dos casados. Basta que existam testemunhas para provar que o casal tem uma vida em comum.

Na prática essa decisão – de casar ou morar junto – depende da situação financeira do casal, suas convicções religiosas e a capacidade de suportar as pressões familiares.

Eles preferiram casar

Cibelle e Hildegard Taques estão em lua-de-mel. Depois de três anos e meio de namoro os dois se casaram seguindo todas as tradições: casamento no cartório, cerimônia na igreja, jantar e festa para amigos e familiares.

?A gente passou um ano preparando esse dia. Quando decidimos casar já imaginamos a bênção na igreja e a festa. Isso era um sonho meu, do meu marido, e das nossas famílias, que são católicas e acham que essa cerimônia é importante?, contou Cibelle.

Ela é administradora de empresas, tem 28 anos e trabalha num banco. Ele tem 33 e é assistente de diretoria numa concessionária de veículos importados. Juntos, gastaram R$ 53 mil para realizar o casamento. O gasto, R$ 20 mil a mais do que o previsto, adiou em um ano a compra do apartamento, mas eles dizem que valeu a pena.

Eles preferiram morar junto

Cláudia e Daniel passaram pela primeira ?inspeção? familiar – da mãe dele – e agora se preparam para a segunda – a da família dela. As visitas funcionam como um aval familiar para o casal que decidiu morar junto. Eles alugaram um apartamento há menos de um mês.

A tradutora e professora de espanhol conheceu o físico médico catarinense durante a residência dele em um hospital em São Paulo. A residência era a última etapa do mestrado e a família de Daniel esperava que ele voltasse para Florianópolis no início deste ano. Cláudia tinha planos de voltar para a Espanha.

?Só que a gente se encontrou, se gostou e quando chegou o fim da residência veio a proposta de trabalho no hospital em Curitiba. Ficar separado significava o fim do namoro. A gente sentou, conversou e decidiu vir junto para cá e o namorado virou namorido?, resumiu Cláudia Dietrich.

Formalizar a união não está fora dos planos deles, mas neste momento a mobília para a casa nova é mais importante. ?Eu não me vejo gastando dinheiro em festa. O que a gente tem já é suficiente para se sentir casado. E se mais para frente resolvermos ter filhos, aí sim, legalizamos a situação?, disse Daniel Felipe. 

É difícil diferenciar casamento de união. Em tese o casamento é aquele que tem legitimação religiosa e civil, mas a união – mesmo sem contrato – pode se caracterizar como um casamento.

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