Na quinta-feira à tarde começam a desembarcar em Assunção os presidentes que vão participar da Cúpula do Mercosul, no fim de semana. O grupo, que terá a tarefa de resolver várias questões internas e externas, não contará com a presença do venezuelano Hugo Chávez, que estará reunido com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, para acertar a compra de armas para o seu país. Esta será a primeira vez que Chávez estará ausente dessas reuniões presidenciais desde julho de 2004, quando pediu que seu país fosse aceito no Mercosul. Ainda assim, sua figura promete ser o centro de debates.
Nos últimos meses, a entrada da Venezuela no bloco voltou a ser discutida. Setores de oposição nos países membros pedem a interrupção do processo de adesão argumentando que o governo Chávez viola a cláusula democrática do Mercosul. Também alegam que o temperamental presidente venezuelano colocará a pique as delicadas negociações comerciais com outros países e blocos. Líderes da oposição afirmam que a entrada da Venezuela no Mercosul foi uma decisão "mais política do que técnica" e o bloco pagará os custos da "apressada" inclusão.
"A Venezuela de Chávez torna impossível uma negociação do Mercosul com os EUA e complica muito o acordo com a União Européia. A preocupação é que achem que o resto do Mercosul compartilha as idéias radicalizadas de Chávez", disse o especialista Rosendo Fraga. O ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, candidato à Presidência da Argentina nas eleições de outubro, também critica a entrada da Venezuela. No Uruguai, os principais líderes da oposição afirmam que a Venezuela passa por um processo de "deterioração da democracia". Eles pedem que seu país reveja a aprovação da entrada da Venezuela no bloco.
No bloco, a Venezuela obteve a peculiar categoria de "membro pleno em processo de adesão". com direito a voz, mas não ao voto. O país está iniciando o processo de adaptação às normas do Mercosul para poder integrar-se até 2013.