Aumentou a pressão para que o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, saia do poder. Vários membros de sua legenda, o Partido do Congresso, renunciaram neste sábado, incluindo Saleh Samei, ex-ministro de Assuntos Externos, e o integrante do parlamento Ali al-Omrani. Enquanto isso, dezenas de milhares de pessoas protestam contra o governo em várias cidades do país. Os opositores também querem a investigação do assassinato de quatro pessoas durante as manifestações de ontem na cidade de Harf Sofyan, de maioria xiita. Com essas baixas, subiu a 19 o número de manifestantes mortos desde que começaram os protestos.
O Iêmen é considerada a nação mais pobre do mundo árabe e tem as mesmas queixas de seus vizinhos egípcios e tunisianos quanto à pobreza, à corrupção e à falta de liberdade política.
O presidente Saleh, um aliado-chave dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda na região, se recusa a ceder e hoje rejeitou a proposta de uma coalizão de grupos opositores para que renuncie até o final do ano, o que acabaria com o impasse político. O plano, contudo, não detalhava de que forma Saleh entregaria o poder. O porta-voz da oposição, Mohammed al-Sabri, disse que a expectativa era que o presidente fizesse sua própria oferta de transição.
Saleh, que tem se mantido no poder por 32 anos, já tinha sugerido não concorrer à reeleição em 2013, quando termina seu mandato e prometido não fazer seu filho sucessor. Também chegou a pedir um governo de unidade a ser formado com a oposição, uma ideia de que tem sido repetidamente rejeitada. No entanto, em um sinal de que ele ainda sente que tem espaço de manobra, Saleh disse, por meio de um comunicado à imprensa, que o plano de cinco pontos apresentado pela oposição hoje é “vago e ambíguo”. Ele reiterou a promessa de não concorrer quando seu mandato atual expirar. “A Constituição é uma referência para todos (nós) e qualquer tentativa de violá-la não pode ser aceita”, disse.
O comunicado com referência à Constituição provocou indignação entre os opositores. “A aderência do governo às regras da Constituição é patética. Esse mesmo regime tem pisado sobre as leis durante décadas”, disse Redwan Massoud, um dos líderes dos protestos na Universidade de Sanaa. Segundo ele, os manifestantes não querem diálogo. “Nossa única exigência é que o presidente saia.”
O governo suspendeu as aulas nas universidades de Sanaa e na cidade portuária de Aden, sul do país. Ambas têm concentrado os protestos, que ocorrem diariamente, inspirados pelos levantes no Egito, Tunísia e Líbia. Os manifestantes se reuniram neste sábado nas principais praças de Sanaa, Aden, Taiz e Hadramawt.