Um membro da Igreja católica da Espanha não autorizou o acesso à basílica do Valle de los Caídos para exumar o corpo do ditador Francisco Franco, ali enterrado desde 1975. O governo espanhol, que em setembro de 2018 autorizou a exumação sem a autorização dos parentes de Franco, qualificou nesta quinta-feira, 3, o episódio como “posição obstrucionista”.

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O prior da abadia, Santiago Cantera, defendeu que faltou consenso na família de Franco e que o assunto ainda está pendente na Justiça. O governo assegurou que continuará com o processo de exumação.

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Fontes do governo afirmaram à agência EFE que o Executivo já esperava essa notícia, considerando a atitude do prior, “cujos antecedentes ideológicos são conhecidos publicamente”. O governo lembra que o religioso, antes de ingressar na Ordem dos Beneditinos, foi candidato às eleições legislativas de 1993 e aos comícios europeus de 1994 por um partido de orientação fascista.

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A exumação de Franco (1892-1975), ditador espanhol que permaneceu por mais de três décadas no poder, se transformou nos últimos meses em prioridade para o governo socialista de Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro. A posição do governo é de que a democracia espanhola não pode permitir manter Franco “em uma tumba do Estado”.

“Algo que é inimaginável na Alemanha ou na Itália, países que também tiveram ditadores fascistas, creio que tampouco pode ser imaginável em nosso país”, afirmou Sánchez em junho.

Em setembro, os deputados espanhóis aprovaram a exumação, mas a família do ditador tenta boicotá-la. Os parentes propuseram que os restos mortais de Franco fossem transportados para uma cripta familiar na catedral de Almudena, no centro de Madri, zona turística. Mas o governo exige um lugar mais discreto.

Exumação

Franco foi enterrado na basílica do monumento do Valle de los Caídos, construído a mando do próprio ditador a 55 quilômetros de Madri, que abriga dezenas de milhares de mortos na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Muitos na Espanha se opõem à existência do Valle de los Caídos, falando que o monumento é similar a uma homenagem a Hitler. Outros insistem que o mausoléu, erguido com trabalho forçado de prisioneiros-políticos para ser um lugar de reconciliação, é uma peça histórica.

Com a tumba do ditador sempre coberta de flores frescas, a basílica é um local de reunião de nostálgicos do franquismo. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS