O presidente Dmitry Medvedev disse nesta sexta-feira ao presidente sírio Bashar Assad que ele deve realizar reformas ou deixar o poder, ao mesmo tempo que afirmou que a Rússia vai resistir a tentativas externas de retirá-lo do poder.
Três dias depois de Rússia e China terem provocado indignação mundial ao vetar uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Síria, Medvedev disse que quer ver o fim da repressão violenta contra manifestantes sírios da mesma forma como a Europa e os Estados Unidos.
“A Rússia quer tanto quanto os outros países que a Síria encerre o derramamento de sangue e exige que a liderança síria conduza as reformas necessárias”, disse Medvedev em declarações transmitidas pela televisão.
“Se a liderança síria é incapaz de realizar estas reformas, deve ir embora. Mas isso é algo que tem de ser decidido não pelos países europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas pelo povo e pela liderança da Síria.”
A Rússia vetou a resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre sanções contra a Síria na terça-feira, depois de argumentar que a medida, cujo alvo é o governo sírio, poderia encorajar os manifestantes a recorrer à violência.
Medvedev disse que a decisão sobre a Síria foi em grande parte influenciada pela campanha da Otan na Líbia, à qual a Rússia se opôs, mas não impediu, durante reunião do Conselho de Segurança em março.
A Rússia considera ilegítima a campanha na Líbia e Medvedev disse nesta sexta-feira que vai continuar a resistir a todas as ações que, segundo ele, tiverem como objetivo derrubar governos que estiverem em condições ruins com o Ocidente.
“A Rússia vai continuar a ser contra as tentativas de legitimar, por meio do Conselho de Segurança, sanções unilaterais com o objetivo de derrubar vários regimes”, disse Medvedev. “Não foi para isso que a ONU foi criada. Na essência, o texto que foi proposto era um texto que, mais uma vez, permitia o uso da força.” As informações são da Dow Jones.