Do nada viemos e ao nada voltaremos… Embora a fé na vida eterna seja o contraponto dessa afirmação, não podemos provar ser ela uma afirmação falsa. Por isso a perspectiva da morte gera tanta angústia.

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Em tese, não deveríamos ficar angustiados caso a morte seja mesmo o nosso fatal encontro com o nada. Afinal, no nada não há dor nem sofrimento. Tanto é verdade que não sofremos de angústia em relação ao nosso passado sem vida. Refiro-me aos milhões de anos antes do nosso nascimento, que foi a nossa primeira experiência com o nada. Por acaso alguém sente alguma aflição por não ter vivido todos esses anos? Assim, deveríamos nos manter tranqüilos em relação a um possível retorno ao nada absoluto. Contudo, como frisei, isso é uma divagação teórica, já que a expectativa da nossa completa extinção é mesmo um pensamento angustiante que nem Deus e nem aquela conversa cósmica de que nossas moléculas irão integrar-se ao universo é capaz de nos consolar.

Quando criança, eu costumava olhar para o céu e fazer a seguinte reflexão: se não existisse o mundo, o que existiria? O nada, concluía. Mas o que é o nada? O nada é um imenso vazio, mais que isso, a ausência do próprio vazio. E ficava assim, nesse pensamento sem fim, extasiado com os mistérios da vida e da morte.

Djalma Filho é advogado.

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djalmafilho68@uol.com.br