O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, o senador John McCain, defendeu nesta quarta-feira (26) uma maior ação diplomática e uma reaproximação dos tradicionais aliados do país. Em um raro discurso sobre política externa, realizado no Conselho de Assuntos Mundiais, em Los Angeles, ele tentou se afastar do unilateralismo que caracterizou o governo do presidente George W Bush. Segundo ele, a Rússia deveria ser excluída do G-8, o grupo das oito nações mais industrializadas, e o Brasil e Índia deveriam ser incluídos na organização.
"Os EUA não podem liderar o mundo apenas em razão de sua força", disse McCain, que acaba de realizar uma viagem ao Oriente Médio e à Europa. "Nossa enorme força não significa que podemos fazer qualquer coisa que quisermos quando bem quisermos. Não podemos achar que temos todo o conhecimento e sabedoria necessários para vencer. Temos de ouvir outros pontos de vista e respeitar as opiniões de nossos aliados democráticos."
Criticado pelos democratas por representar a continuidade de várias políticas do presidente Bush, McCain foi ainda mais longe e defendeu o fim da tortura e o fechamento da prisão de Guantánamo. "Os EUA precisam servir de exemplo", disse. "Não podemos torturar ou tratar de forma desumana os suspeitos de terrorismo que capturamos. Acho que deveríamos fechar Guantánamo ".
O candidato republicano declarou também que apóia o controle da emissão de gases estufa e pediu um acordo mundial que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. "A forma como agimos internamente reflete-se na maneira como somos vistos no exterior ".
O senador prometeu também uma integração maior com os países latino-americanos. "A América Latina hoje é cada vez mais vital para o bem-estar dos EUA", afirmou. "’Nossas relações com nossos vizinhos do sul devem ser governadas por respeito mútuo, não por impulsos imperiais ou por demagogia antiamericana", disse, sem mencionar diretamente Cuba e Venezuela, principais críticos de Washington na região.
Para o senador, seu governo incentivará o que chamou de "nova relação hemisférica" e citou o Brasil como uma das potências democráticas do mundo atual. De acordo com ele, os EUA deveriam ter uma postura mais dura com a Rússia, realizando uma faxina no G-8, o grupo dos países mais ricos do mundo, excluindo Moscou e incluindo brasileiros e indianos.
"Deveríamos garantir que o G8 se transforme em um clube das principais democracias de mercado. Ele deveria incluir Brasil e Índia, e excluir a Rússia."
"A América pode ser o primeiro continente do mundo inteiramente democrático, onde o comércio seja livre e onde o respeito à lei e ao poder do livre mercado impulsionem a segurança e a prosperidade de todos", afirmou.
No discurso desta quarta (26), um dos poucos momentos em que McCain pareceu estar alinhado com a política do atual governo foi em relação ao Iraque. O senador defendeu a atuação dos EUA no Iraque e se disse contrário à retirada de tropas.