O ex-general Manuel Contreras, que criou e dirigiu a primeira polícia repressiva da ditadura militar do Chile, acumulou 505 anos de condenações à prisão, após nesta quarta-feira a Suprema Corte do país sentenciá-lo a 15 anos de detenção pelo homicídio de um casal em 1974.
Contreras, de 86 anos, está em Punta Peuco, presídio criado após a ditadura para abrigar os violadores de direitos humanos condenados por crimes contra a humanidade. O tribunal superior do país condenou Contreras pela morte do casal Ana María Puga e Alejandro de la Barra Villarroel, em dezembro de 1974.
Outros quatro sentenciados pelo crime são conhecidos ex-agentes da Direção de Inteligência Nacional (DINA), criada por Contreras.
Com essa, Contreras acumulou 58 sentenças definitivas, que somam 498 anos de prisão, aos quais se agregam mais sete cumpridos a partir de 1995 pelo assassinato em Washington do ex-chanceler e ministro da Defesa chileno Orlando Letelier e sua secretária norte-americana, Ronni Moffitt, em 21 de setembro de 1976.
Antes de começar a cumprir a pena, Contreras se escondeu em sua fazenda no sul chileno e esteve durante vários meses em um hospital naval.
A comprovada participação de Contreras no crime contra Letelier e a negativa do máximo tribunal chileno a autorizar a extradição para os Estados Unidos marcaram o início das pressões, que acabaram com a dissolução da DINA, em agosto de 1977, e sua substituição pela Central Nacional de Informaciones por ordem do ditador Augusto Pinochet.
Segundo dezenas de investigações, enquanto Contreras atuou, foram cometidos os piores crimes contra a humanidade na DINA, como prisões ilegais, torturas, homicídios, desaparições forçadas e atentados contra chilenos no exterior. Houve 40.018 mortes contabilizadas devido à ditadura chilena, das quais 3.095 foram de opositores assassinados. Fonte: Associated Press.